Brasil descarta chamar de volta embaixadora após ofensas de governo venezuelano

Atualizado em 2 de novembro de 2024 às 13:48
Perfil da polícia venezuelana no Instagram faz post com silhueta de Lula e bandeira do Brasil: ‘Quem se mete com a Venezuela se dá mal’ — Foto: Reprodução

Uma imagem publicada pelo governo de Nicolás Maduro na última quinta-feira, contendo a bandeira do Brasil e uma silhueta borrada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provocou uma forte reação do governo brasileiro. O Itamaraty, que até então mantinha silêncio sobre os ataques, divulgou uma nota no dia seguinte, condenando o “tom ofensivo” da Venezuela e expressando surpresa com o teor dos ataques a Lula e a diplomatas brasileiros.

Apesar da nota de repúdio, fontes próximas ao presidente Lula afirmam que não há planos de convocar a embaixadora brasileira na Venezuela, Glivânia Oliveira, de forma temporária ou permanente. Na diplomacia, tal gesto costuma representar uma demonstração clara de descontentamento entre nações, mas o governo brasileiro considera que manter os canais de diálogo abertos ainda é a melhor estratégia diante da situação.

A publicação nas redes sociais venezuelanas mostrava uma imagem desfocada de Lula, com a bandeira do Brasil ao fundo e a frase “Quem se mete com a Venezuela se dá mal.” A postagem foi retirada do ar após a resposta oficial do Itamaraty, mas o incidente simboliza uma escalada nas tensões entre os dois países, que já vinham se desgastando desde as eleições venezuelanas de julho, cuja legitimidade foi questionada pelo Brasil.

Sem provas, Tarek William Saab disse que “fontes diretas e próximas do Brasil” o informaram que o acidente de Lula foi uma “farsa”. Foto: Reprodução

Na sexta-feira, o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, destacou que a confiança entre os países foi seriamente abalada. A negativa do Brasil ao apoio da entrada da Venezuela no Brics, considerada por Maduro uma humilhação, agravou a crise diplomática. Essa decisão teve um impacto particularmente significativo para o líder venezuelano, que tentava reforçar o peso geopolítico de seu país ao lado de grandes economias emergentes.

A relação entre Brasil e Venezuela, já complexa, enfrentou um novo revés há cerca de dez dias, quando Maduro foi barrado informalmente de se juntar ao Brics por resistência brasileira. A medida foi interpretada por Caracas como um sinal de isolamento diplomático, gerando reações de protesto e um afastamento visível entre as diplomacias. Em retaliação, a Venezuela chamou seu embaixador em Brasília de volta a Caracas e convocou o representante brasileiro, Breno Hermann, para uma reunião em tom de protesto.

Embora a situação continue tensa, interlocutores diplomáticos no Brasil sugerem cautela. Com a embaixadora Glivânia Oliveira de férias, Hermann permanece no posto e mantém a interlocução com o governo venezuelano. Por ora, o Brasil aposta na contenção e evita ações mais drásticas, priorizando a mediação e a manutenção de canais diplomáticos com a Venezuela para evitar um rompimento completo. As informações são do jornal O Globo.

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