“Brasil e China podem ter papel importante num mundo mais multipolar”, diz Celso Amorim

Atualizado em 16 de abril de 2023 às 13:03
Ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Foto: Reprodução

 

O ex-chanceler Celso Amorim, conselheiro do presidente Lula para assuntos diplomáticos, concedeu uma entrevista ao jornal chinês Global Times. Nela, falou sobre a Huawei, as negociações internacionais sem utilização do dólar, uma possível moeda comum dos BRICS e a importância da parceria comercial da China com o Brasil:

Brasil e China em um mundo multipolar

Brasil e China alcançaram muitos resultados durante a visita do presidente Lula à China e os dois lados tiveram reuniões de uma agenda muito ampla. Os dois países podem desempenhar um papel importante na construção de um mundo mais multipolar, em que o poder seja menos centralizado e não haja hegemonia.

Celso Amorim e Lula

Cooperação com a Huawei

[Cooperar com a Huawei] será uma possibilidade, mas será estudada técnica e economicamente. a melhor coisa para nós. Portanto, estamos muito abertos. Já temos cooperação. A Huawei já está presente no Brasil e já é muito importante”

Moeda dos Brics

Acho natural que possamos fazer nosso próprio comércio em nossas próprias moedas e isso requer algumas adaptações em relação às regras do FMI. É natural porque o dólar passou a ser dominante depois da Segunda Guerra Mundial; antes era a libra inglesa.

Então agora, se pudermos trabalhar com uma cesta de moedas e usar as nossas próprias,é a melhor coisa. Se isso pode evoluir para uma moeda comum para os BRICS, ou se ainda  será mantida nossa moeda nacional é algo que ainda não está totalmente claro. Mas acho muito importante estarmos livres do domínio de uma moeda única, porque às vezes ela é usada politicamente.

Parceria entre Brasil e China

A China é de longe o nosso parceiro comercial mais importante. O Brasil está se tornando um dos lugares onde a China mais investe. Mas não só isso, acho que os dois países também podem ter um papel importante na construção de um mundo mais multipolar, no qual o poder é menos centralizado e não há hegemonia. Acho que esse é um aspecto muito importante em que China e Brasil podem desempenhar papéis importantes.

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