Brasil encara mata-mata contra a Coreia triturando o drama de ser um time comum

A base da equipe é boa, mas algumas certezas surgiram: precisa ser mantida e, preferencialmente, com Neymar com a 10

Atualizado em 3 de dezembro de 2022 às 17:02
Casimiro e Vinícius Jr. comemorando o gol do Brasil contra a Suíça. Foto: Nelson Almeida/AFP

A derrota – 1 a 0 – para Camarões na rodada final da fase de grupos da Copa do Catar tem uma consequência prática para a seleção: gerou uma desconfiança.

Mesmo que o resultado não tenha mudado a classificação – o Brasil iria enfrentar a Coreia ganhando ou perdeódo -, quem agora vai apostar todas as fichas no punch da equipe? Só para lembrar: daqui até o título são quatro mata-mata seguidos, contra os melhores times do mundo.

Você apostaria em Martinelli sem Vinícius Júnior? Pelo que jogou na sexta, difícil: mesmo sendo apresentado como revelação, o atacante do Arsenal não mostrou nada especial contra os africanos.

Não sabe driblar, não promove tabelas incisivas e, detalhe, finaliza mal: nas oportunidades que teve ou mandou a bola para fora ou na direção do goleiro camaronês, que esticava o braço e se jogava no ar.

Gabriel Jesus machucou e está fora da Copa. Faz diferença?

Antonny. Começou elétrico e não passou disso. Bruno Guimarães, meio-campista do Newcastle United, perdeu gols impensáveis.

E teve ainda Everton Ribeiro. E outros.

De positivo, vale destacar o bom futebol apresentado pelo meio-campista Fabinho, do Liverpool, de Bremer, zagueiro da Juventus, e de Ederson, sem culpa no gol de Camarões.

No início da Copa, o Brasil festejou o espírito ofensivo de Tite e o fato dele levar mais atacantes que o normal, prometendo uma equipe avançada com até quatro jogadores na grande área do adversário em alguns momentos.

A maioria desconhecidos no Brasil, foram descritos por especialistas como atletas no auge da carreira. Teve até expressão de boleiro para defini-los: cascudos, que são aqueles de nervos de aço acostumados a decidir.

Na estreia um despontou: Richarlison, do Tottenham, teve duas chances diante da Sérvia e aproveitou, sendo o segundo gol já considerado o mais bonito em estreias de Copa do Mundo.

Na segunda partida contra a Suíça já não foi bem assim: apagado, acabou substituído no 2o tempo quando o jogo ainda estava 0 a 0.

Fred, que assumiu a vaga de Neymar, teve chances contra Suiça e Camarões – neste caso, ainda não convenceu.

O Brasil tem um time equilibrado, que atua nos padrões do futebol moderno: faz marcação forte desde a linha de ataque e tenta aproveitar as saídas rápidas para fustigar o adversário.

O lado bom sobre dois times na 1a fase de grupos – Espanha, França e Portugal fizeram o mesmo que o Brasil, com o mesmo desdobramento – é a certeza de que a base é boa, capaz de fazer a diferença, mas precisa ser mantida.

Para não falar de Casemiro e Vinícius Júnior, e ainda do sistema defensivo, vamos ao próprio Richarlison e ao colega de ataque, Raphinha: jogam muito, são cascudos, é verdade – basta realçar que o melhor momento do Brasil contra Camarões foi quando Raphinha entrou no 2o tempo.

Busque nos arquivos quando você quiser saber sobre atletas decisivos: no título de 94, por exemplo, quem ainda lembra ou ouviu falar de Bebeto e Romário? Fizeram miséria, para ficar apenas nos dois.

Em 2002, uma constelação de feras: Ronaldo Fenômeno em grande forma, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Cafu, Roberto Carlos, era um grande time.

Em relação às últimas Copas, a equipe atual é melhor. E ainda mostra apetite de vitória.

Outra constatação, obvia, é a presença do camisa 10 Neymar.

Ney é o único jogador decisivo da seleção canarinho nesta Copa. Com ele, o time é um, sem, outro – e só com os reservas uma experiência que nenhum torcedor quer viver tão cedo.

Ainda triturando a derrota, Tite aproveita o pós-jogo contra Camarões para ir juntando as peças para a fase de mata-mata que começa contra a Coreia nesta segunda, às 16h.

Neymar não está confirmado, nem desconfirmado.

A chance do Brasil passar é considerável. A Coreia tem um time organizado, que será pressionado e terá de responder com bom futebol.

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