Brasil paga o preço da irresponsabilidade de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19

Atualizado em 24 de novembro de 2020 às 23:46

Publicado originalmente no Vermelho

Foto: Silvia Izquierdo/AP

O Brasil paga o preço da irresponsabilidade de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19- não há coordenação nacional, não há testagem em massa. Aliás, revelou-se recentemente que o Ministério Público quer a investigação, pelo Tribunal de Contas da União, do desperdício pelo governo de R$ 290 milhões com o estoque de 6,86 milhões de testes comprados e não usados, pelo Ministério da Saúde – e que perderão a validade em janeiro de 2021, sem terem sido distribuídos para a rede pública dos estados e dos municípios. Situação que fica mais grave quando se sabe que há cerca de 6 milhões de pessoas que precisam se submeter ao teste para saber se estão infectadas ou não e perderam a chance de fazer o teste devido à inoperância do governo.

E o presidente da República reitera declarações reveladoras do descaso ante a pandemia, tantas são as dúvidas que levanta sobre a seriedade da pandemia, contrariando recomendações e fatos admitidos por cientistas e por autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Informações oficiais, do Ministério da Saúde revelam que, nesta terça-feira (24), o número de mortos por Covid-19 ultrapassa os 170 mil e há o enorme número de 6.118.708- pessoas infectadas no país. É como se quase toda a população da cidade do Rio de Janeiro (que é de 6,7 milhões de pessoas) estivesse doente e os moradores da cidade paulista de Pindamonhangaba, que são 170.132 pessoas, tivessem morrido.

Apesar de terríveis e gigantescos, estes números parecem não preocupar o presidente da República, para quem a ameaça de uma segunda onda da pandemia não passa de “conversinha”, uma irresponsabilidade reiterada por ele ao dizer : “tem que deixar de ser um país de maricas”, no momento em que a segunda onda da pandemia ocorre em vários países, e dá sinais preocupantes no Brasil. A frase completa é um primor: “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas”, disse nessa frase repleta de impropriedades para um chefe de Estado responsável perante seu país e seu povo por algo tão elementar como a defesa da vida dos brasileiros.

A segunda onda da pandemia pode já ter chegado ao Brasil – embora muitos especialistas digam que o país ainda nem superou a primeira onda. O aumento de casos registrados nas últimas semanas poderia ser um repique da doença. O número de casos, mostra relatório do o consórcio da imprensa, vem crescendo, justificando temor da segunda onda. Os dados mostram que há um aumento no número de contágios, internações e mortes por Covid-19 desde o pico da doença em maio. “Se não conseguirmos mudar as atitudes, pode ser que tenhamos uma situação muito pior. Não dá para ter vida normal sem antes combinar com o vírus”, disse à imprensa a especialista Natalia Pasternak, diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC).

A irresponsabilidade do presidente, que politiza a doença e trata de maneira leviana, por exemplo, a vacina estudada para combater o mal. Bolsonaro tem repetido a idéia absurda de que a vacinação não será obrigatória – repetindo a reação ignorante que, há mais de cem anos, levou à Revolta da Vacina de 1904, quando muita gente reagiu à vacinação obrigatória contra a febre amarela conduzida por Osvaldo Cruz.

A negligência do presidente em relação à vacinas move seu combate à “vacina chinesa”, como ele a chama, produzida pelo Instituto Butantã em cooperação com a farmacêutica chinesa SinoVac, e o faz torcer pelas vacinas pesquisadas por monopólios farmacêuticos nos EUA e na Europa – para as quais chegou a defender, numa reunião da OMC, na sexta-feira (20), a manutenção da cobrança de patentes da vacina, contra a opinião de 99 outros países que tiveram o bom senso de defender o fim da cobrança, pelas multinacionais, de direitos de propriedade intelectual sobre a medicação contra o coronavirus.

Bolsonaro está na contra-mão de especialistas que cobram do governo um plano nacional de imunização contra o coronavirus. Contra a “vacina chinesa”, sua irresponsabilidade o leva a colocar em dúvida sua eficiência, dizendo, sem provas, que a vacina CoronaVac, pode provocar “morte, invalidez e anomalia”, e não transmite segurança “pela sua origem” e não tem credibilidade.

Bolsonaro coloca a vida dos brasileiros em risco e o Brasil deve rejeitar sua irresponsabilidade.