O Brasil enfrenta a seca mais severa de sua história, conforme alerta o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Pela primeira vez, a estiagem atinge quase todo o território nacional de maneira generalizada, com exceção do Rio Grande do Sul, e as previsões indicam que a situação não deve melhorar até novembro.
Dados históricos desde 1950 mostram que a seca se intensificou a partir de 1988, com a pior estiagem registrada anteriormente em 2015. No entanto, a atual seca se espalhou de forma mais abrangente e intensa, impactando vastas áreas do país e surpreendendo especialistas.
Hoje, mais de um terço do território brasileiro, equivalente a mais de 3 milhões de km², enfrenta os efeitos devastadores da estiagem. A seca está isolando cidades no Norte, devido ao baixo nível dos rios, provocando incêndios em várias regiões e levando à ativação de termoelétricas para garantir o abastecimento de energia.
A severidade da seca é resultado de uma combinação de fatores climáticos. O fenômeno El Niño, que aquece o Oceano Pacífico, alterou os padrões de chuva e elevou as temperaturas, principalmente no Norte. Bloqueios atmosféricos também impediram o avanço de frentes frias, prolongando a estiagem.
Além disso, o aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte tem contribuído para a persistência da seca, que começou em 2023. A combinação desses fenômenos, sem intervalos de alívio, intensificou a estiagem e ampliou seus impactos por todo o país.
Atualmente, mais de 3,8 mil cidades estão classificadas em algum nível de seca, desde fraca até excepcional, um aumento de quase 60% entre julho e agosto. Segundo a pesquisadora Ana Paula Cunha, do Cemaden, o Brasil nunca enfrentou uma seca tão extensa e intensa como a que está ocorrendo agora.
E o futuro?
O cenário climático no Brasil não é animador segundo meteorologistas. O país ainda precisa enfrentar mais um mês de estação seca, que, devido às previsões, deve se prolongar. A chuva, que normalmente chegaria em outubro, está prevista para atrasar e ser mais fraca do que o esperado, o que significa que algum alívio pode surgir apenas em novembro.
Giovani Dolif, meteorologista e pesquisador do Cemaden, explica que as expectativas já eram de que a situação não melhoraria significativamente após outubro.
“O problema da seca não é só a falta de chuva, mas a soma disso à alta temperatura, o que deixa os rios mais secos e o solo também porque a água evapora mais rápido. Em outubro e novembro, estamos mais expostos ao sol, diferentemente do inverno. Isso faz com que a seca piore muito rápido de forma exponencial”.
A expectativa de uma mudança climática com a chegada da La Niña, que poderia trazer mais chuvas ao Brasil, foi adiada. Com o fim do El Niño, esperava-se que a La Niña começasse no primeiro semestre deste ano, mas as estimativas agora indicam que o fenômeno só deve se consolidar em novembro e será menos intenso do que o esperado. De acordo com o relatório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), há uma chance de 66% de que a La Niña se estabeleça entre setembro e novembro, persistindo até janeiro de 2025. As informação são do g1.