Brasil retoma tradição pró-Palestina após 4 anos de Bolsonaro

Atualizado em 5 de abril de 2024 às 17:16
O presidente Lula retoma a tradição de apoiar a Palestina, interrompida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Nesta sexta (5), o governo Lula mudou o voto feito, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, sobre uma resolução que pede o fim do fornecimento de armas e tecnologia para Israel no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). A decisão mostra que a postura diplomática tradicional do país de apoio à Palestina será retomada.

Historicamente, o Brasil sempre apoiou e trabalhou para o reconhecimento do Estado da Palestina como membro pleno da ONU. Desde 1947 a política externa brasileira atua no sentido de reconhecer os dois Estados e de pedir o cumprimento de resoluções das Nações Unidas.

Nos dois primeiros mandatos de Lula, o Brasil passou a ter um papel mais ativo nas buscas pelo fim do conflito e passou a dar mais apoio aos palestinos, condenando atos violentos israelenses. Durante o governo do ex-presidente Michel Temer, o governo optou pela abstenção em alguns temas, mas nunca se manifestou explicitamente contra os palestinos.

No governo Bolsonaro, no entanto, a postura mudou e o governo passou a se abster ou votar contra resoluções favoráveis à causa palestina, marcando uma mudança na política externa e se aliando a Tel Aviv.

Em 2019, o Brasil foi um dos 11 países que votaram contra uma resolução que pedia investigações sobre possíveis abusos de direitos humanos por parte de Israel contra o povo palestino. Na mesma ocasião, o governo se absteve na análise de um documento que condenava os assentamentos israelenses em partes de Jerusalém, no território palestino e nas colunas de Golã.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em novembro de 2022, o governo Bolsonaro chegou a votar a favor de uma resolução sobre a Palestina que condenava as “práticas israelenses” e as violações de direitos humanos, mas um mês depois voltou atrás e decidiu se abster da votação após pressão de Tel Aviv.

Desde o início do governo Lula, no entanto, a posição do Brasil passou a condenar as ações do governo de Israel no território no Conselho de Segurança da ONU, na Assembleia Geral do organismo internacional e em temas debatidos na Corte Internacional de Justiça (CIJ).

No início deste ano, o governo brasileiro apoiou uma denúncia da África do Sul contra Israel na CIJ por genocídio. Na ocasião, o Palácio do Planalto afirmou que há “flagrantes violações ao direito internacional humanitário” na guerra contra o Hamas.

A mudança do voto no Conselho da ONU e o apoio à denúncia da África do Sul não devem ser as únicas decisões tomadas pelo governo brasileiro, no entanto. Membros do Itamaraty já adiantaram que o país, apesar de não propor muitos textos por contra própria, vai patrocinar outras resoluções em Genebra contra Israel e continuar trabalhando por um cessar-fogo no conflito.

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