“Em dois dias, a crise de autoritarismo do paranoico Jair Bolsonaro foi provocada por seu ministro da Defesa, agradecido por três minutos em meio a uma vasta reforma ministerial surpresa”, afirma reportagem de Isabelle Labeyrie, na rádio Franceinfo, principal noticiário da França.
“Mais recentemente, o presidente brasileiro ameaçou impor um estado de sítio unicamente para punir os governadores que haviam adotado medidas de confinamento contra o coronavírus.”
“Coronacético notório, Jair Bolsonaro não quer tomar nenhuma medida impopular que possa comprometer sua reeleição. Mesmo se seu país conta mais de 320 mil mortos, um dos índices mais elevados do mundo, ele se juntou às manifestações anticonfinamento, o que tampouco foi apreciado pelo exército.”
“Mas o governo de Jair Bolsonaro acorda um grande espaço aos militares, que até aqui tiraram proveito de sua presidência. Nunca num regime civil eles estiveram tão presentes num governo. Ocupam massivamente a administração, que hoje deve reconhecer seu fracasso na gestão da pandemia. Então é um bom momento para se distanciar e mudar a imagem deles”.
No jornal Le Monde, o cartunista Rodriguez descontroi o lema brasileiro na charge “Desordem em progresso”.
“Muito contestado pela sua gestão desastrosa da crise, Bolsonaro está cada vez mais isolado; e o país é uma presa de uma dupla crise: sanitária e política”.
O Journal de 20H, telejornal francês de maior audiência, diz que o Brasil vive uma “hecatombe”.
“Neste momento, em torno de 8% da população brasileira recebeu uma primeira dose da vacina e somente 2,3%, a segunda. Enfim, a proximidade do inverno austral reforça a preocupação, com a recrudescência das doenças respiratórias, sobretudo no sul e no sudeste do país, mais frios”, relata a correspondente Joséphine Devambez.
“À espera nas portas da cidade de São Paulo, as retroescavadeiras não param de aumentar os cemitérios. Hoje um em cada quatro mortos de Covid-19 no mundo é brasileiro”.
Na TV portuguesa, a mesma percepção, de um cenário catastrófico. “Segundo informações oficiais, 18,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 já foram aplicadas até ao momento no Brasil, num plano de imunização que avança lentamente”, diz o canal SIC Notícias.
No portal Público, Bárbara Reis, redatora-chefe, os gestos supremacistas do assessor Filipe Martins e do governo Bolsonaro revelam um país nas trevas: ” No Brasil de Bolsonaro, só há luzes para uma coisa: iluminar o ódio.”
Em entrevista ao canal de TV português RTP, Lula propôs o impeachment de Bolsonaro como única solução, além de sua candidatura à presidência.
“Eu acho que as mudanças mostraram que o presidente está tão fraco que é até muito difícil substituir ministros. O presidente não consegue ter um ministro novo porque as pessoas não querem participar do governo do Bolsonaro”, disse o ex-presidente.
“Precisamos, primeiro, vacinar todo o povo brasileiro. Temos um presidente que não cuidou da questão da Covid-19 com carinho e com respeito. Não é uma brincadeira, uma guerra de um país contra um país, é uma guerra da natureza contra a humanidade, que não cuidava da natureza com o respeito com que deveria cuidar”, criticou.
“Era preciso criar uma governança mundial. A única verdade é que Bolsonaro não pode continuar governando o Brasil”.