José Roberto Maciel, que ocupava o cargo de CEO do Grupo Silvio Santos desde abril de 2022, encerrou oficialmente sua trajetória na holding na última sexta-feira (25). Sua saída marca o fim de um ciclo de 27 anos na empresa, onde iniciou sua carreira em 1998. Durante esse período, ele foi um dos executivos mais próximos do fundador Silvio Santos, especialmente no comando do SBT, onde atuou como CEO de 2011 a 2023.
Maciel sempre foi conhecido pela austeridade em sua gestão financeira e pelo cuidado com o caixa da emissora, o que lhe rendeu elogios, mas também críticas. Fontes próximas ao ex-CEO indicam que ele e Silvio mantinham um acordo no qual o “Rei da TV” cuidava exclusivamente da programação, enquanto Maciel geria as operações financeiras e administrativas.
Esse modelo de gestão, no entanto, mostrou limitações durante a pandemia de Covid-19, quando a ausência de programação inédita e a estratégia de manter reprises no horário nobre afetaram severamente a audiência da emissora paulista.
O impacto foi imediato. Em março de 2020, a emissora perdeu a vice-liderança para a Record e, desde então, não conseguiu recuperar a posição. Enquanto as concorrentes Globo e Record reforçaram o jornalismo durante a pandemia, o SBT manteve uma postura mais conservadora, o que contribuiu para a queda de audiência.
A situação de Maciel no grupo também ficou mais complicada com a entrada de Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos, como vice-presidente do SBT. Ela assumiu o cargo em abril de 2023, promovendo uma reestruturação interna e renovando o time executivo da emissora.
Ao lado de sua irmã Renata Abravanel, que preside o Conselho do Grupo Silvio Santos, Daniela tem moldado uma nova fase para o canal. Sob sua liderança, a emissora lançou o aplicativo de streaming +SBT e, em setembro, contratou Mauro Lissoni, ex-Rede Massa, para liderar a programação e criar estratégias de recuperação de audiência.
Nos bastidores, a relação entre Maciel e Daniela foi marcada por divergências. Segundo fontes internas, ele e a vice-presidente do SBT possuíam visões diferentes sobre a gestão da emissora, e o ex-CEO começou a ser menos consultado em questões estratégicas, principalmente após a saída de Fernando Pelégio e Murilo Fraga, veteranos do SBT, da direção artística.
Esse contexto levou Maciel a pedir demissão do Grupo Silvio Santos, recebendo, em seguida, um convite para assumir a direção do canal CNBC Brasil, um novo desafio em sua carreira.
A partir de agora, Marcelo Barp, atual CFO do Grupo Silvio Santos e com experiência em empresas como Itaú Unibanco e LuizaCred, assume interinamente a posição de CEO da holding. A mudança ocorre em um momento de transição importante para o grupo, após o falecimento de Silvio Santos, aos 93 anos, em agosto de 2024.
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