“Briga se resolve com apresentação de atas”, diz Lula sobre crise na Venezuela

Atualizado em 30 de julho de 2024 às 19:22
Lula durante entrevista à TV Centro América, no Palácio do Planalto. Brasília. Foto: Ricardo Stuckert

 

Nesta terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou pela primeira vez sobre o impasse na eleição presidencial na Venezuela, realizada no domingo. Lula sugeriu que, para “resolver a briga”, as autoridades locais devem apresentar as atas de votação. O presidente, no entanto, afirmou estar convencido de que o processo é “normal”.

Lula fez essas declarações em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, na manhã desta terça-feira.

“É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata”, disse Lula. “Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar”.

Após as eleições presidenciais realizadas no último domingo, o presidente Nicolás Maduro foi anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela como vencedor do pleito e apto a exercer seu terceiro mandato, no período de 2025 a 2030. Ele foi proclamado vitorioso, segundo o CNE, com 51,21% dos votos contra 44% de Edmundo González, o segundo colocado. O resultado foi questionado pela oposição, que alegou fraude nas urnas.

O Brasil e outros países ainda não reconheceram o resultado. Lula chamou as eleições no país de “processo normal”:

“Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo, o que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo”, proseguiu o presidente. “O Tribunal Eleitoral reconheceu o Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Então, tem um processo. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Tem uma eleição, tem uma pessoa que disse que teve 41%, teve outra pessoa que disse que teve 50%, entra na Justiça e a Justiça faz.”

Lula disse que é “obrigação” reconhecer o resultado das eleições após a divulgação das atas.

“Na hora que forem apresentadas as atas e for consagrado que as atas são verdadeiras, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela. Maduro sabe perfeitamente bem que quanto mais transparência houver, mais chance de tranquilidade para governar a Venezuela ele terá”, ponderou Luiz Inácio Lula da Silva.  “Acho que é preciso acabar com a ingerência externa em outros países. A Venezuela tem o direito de construir seu momento de crescimento sem que haja bloqueio”.

Lula durante entrevista. Foto: Divulgação

As atas são os dados desagregados por mesa de votação. O Itamaraty considera que isso é um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

Nesta segunda-feira, o Itamaraty orientou a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia Maria de Oliveira, a não comparecer à proclamação de vitória de Nicolás Maduro. A instrução foi dada pelo chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.

O assessor especial Celso Amorim voltou ao Brasil nesta terça. Ele acompanhou as eleições no fim de semana.

Amorim foi enviado por Lula a Caracas para acompanhar o pleito. O assessor especial do presidente afirmou ao Globo que a falta de transparência “incomoda” e que esperava os “dados necessários” para se pronunciar sobre o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que apontou a vitória de Nicolás Maduro.

Amorim retorna ao Brasil nesta terça-feira e a previsão é que o encontro com Lula ocorra até amanhã.

No comunicado, o Itamaraty citou “o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”. O órgão brasileiro disse aguardar a publicação pelo CNE de “dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

Já o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, expressou sua “séria preocupação” de que o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não reflita a vontade do povo. Pouco antes, Blinken havia pedido uma recontagem “justa e transparente” dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela.

Confira o vídeo: 

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link