Cabeça de Cintra foi pedida por STF e políticos. Por Helena Chagas

Atualizado em 11 de setembro de 2019 às 17:34

Publicado em Os Divergentes

O secretário especial da Receita, Marcos Cintra. (Wilson Dias/Agência Brasil)

POR HELENA CHAGAS

A criação da nova CPMF pode parecer à primeira vista ser a razão principal da demissão do secretário da Receita, Marcos Cintra. Afinal, foi avassaladora a reação das lideranças políticas nas últimas horas contra o novo imposto, que não tem chances de ser aprovado no Congresso. A demissão de Cintra seria, nesse raciocínio, a queima do fusível para poupar O ministro Paulo Guedes – que, ao fim e ao cabo, é o principal responsável pela Economia.

No Congresso, porém, pouca gente acredita nessa narrativa. As reais razões da demissão de Cintra passam pelas ações recentes da Receita, que andou acessando o sigilo bancário de políticos e até de ministros do STF e suas esposas, como Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

A cabeça de Cintra já fora pedida por muita gente nos últimos tempos, e a gota d água, nos últimos dias, terá sido a recusa da Receita de enviar ao STF os nomes dos auditores que acessaram esses sigilos – sem ordem judicial. O pedido havia sido feito pelo STF no inquérito aberto por Toffoli para apurar ataques aos ministros.

Como a Receita é a terceira ponta do Triângulo das Bermudas dos órgãos de controle e investigação do Estado – com a PF e a PGR -, é grande a ansiedade em torno do nome do substituto. Dez entre dez políticos acham que será uma solução à la PGR, ou seja, um sujeito que ofereça confiança no aspecto fiscalizatório. Assim como ocorreu na PGR e ocorrerá nos próximos dias na PF.