Cachoeira e a carta de amor de Andressa

Atualizado em 25 de julho de 2012 às 19:13
"Você tem uma mulher que te ama"

Andressa Mendonça, a bonita mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, enviou-lhe um bilhete romântico. Como ela não recebeu autorização para vê-lo na sede da Polícia Federal em Goiânia, restou-lhe deitar algumas linhas apaixonadas. Ela não liberou o conteúdo para os repórteres, mas deixou-o convenientemente à mostra para um fotógrafo local. “Você é o amor da minha vida. Nosso amor é maior do que qualquer dificuldade. Você tem uma mulher que te ama”. Andressa também deixou claro que está orando por Cachoeira — que, segundo ela, está muito deprimido e há um mês passa por tratamento psiquiátrico. Ela estaria também medicada com antidepressivos.

Todas as cartas de amor, escreveu o poeta português Fernando Pessoa no que deve ser uma das citações mais manjadas de todos os tempos, “são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”. Quando a mensagem é de ou para um detento, porém, a coisa ganha em beleza trágica e em urgência – embora, eventualmente, continue ridícula. As regras para mandar uma carta amorosa a alguém que possa te encontrar em 15 minutos no bar não podem valer para alguém que você só possa ver daqui a 15 anos.

Há sites que se dedicam a dar um apoio a gente em cana. Uma igreja batista e uma organização de ex-presidiários dão dicas para amados se corresponderem e manterem, como diria Roberto Carlos, acesa a chama. Algumas delas poderiam ser bastante úteis para o casal Andressa e Cachoeira:

. As mulheres que procuram manter um relacionamento com um homem encarcerado terão seus motivos e sua sanidade questionados por amigos e familiares. É preciso ser forte e ter princípios firmes.

. Um prisioneiro divorciado reclamava da infidelidade da companheira numa carta. “Não importa há quantos anos dura uma relação, o tempo fica suspenso até que você seja libertado. Sempre que há nuvens negras (solidão ou noites vazias), junto com elas chegam ventos fortes (tentações) para trazer a chuva da infidelidade”.

.  O amor no cárcere pode sobreviver, apesar de tudo conspirar em contrário, se as duas pessoas forem absolutamente honestas uma com a outra. A honestidade e a compreensão são a única saída. O casal deve saber que ambos estão cumprindo pena, não apenas uma parte. Há um poder redentor no amor que deve ser experimentado por aqueles que não têm medo de agir com cuidado e carinho.

. Se você não tem permissão para visitas íntimas, escreva usando sua imaginação. Feche os olhos e imagine os dois em momento de intimidade e escreva. Seja o mais específica possível. Caso isso a deixe desconfortável, sugira algo como “espera até você chegar em casa…”

. Expresse seu amor: seu marido pode saber que você o ama, mas lembra-lo disso numa carta vai deixa-lo feliz. Você pode escrever um poema ou copiar algum da internet. Você também pode apenas colocar no papel suas emoções e reforçar que ele está incluído em todas as suas esperanças e sonhos.

. Escreva sobre seu relacionamento. Como vocês se encontraram, as memórias em comum. Se não tiver nada de importante, invente um romance com final feliz. As emoções trazidas com esse tipo de coisa o encorajarão a ter bom comportamento e ser libertado tão logo seja possível.