São cada vez mais fortes os rumores de que prefeitos do interior e litoral de São Paulo estão desembarcando da candidatura de João Doria (PSDB) para apoiar a reeleição de Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo.
O prefeito de Santos, o tucano Paulo Alexandre Barbosa, não esconde a preferência por França. José Crespo, prefeito de Sorocaba filiado ao DEM (partido que está coligado com PSDB de João Doria) é outro que já virou as costas para o gestor.
Defecções estão acontecendo em cidades das regiões de Campinas, Vale do Paraíba, São José do Rio Preto e Grande São Paulo e podem vir à tona se Márcio França mantiver, no debate da Globo desta terça, o bom desempenho dos anteriores.
A declaração do presidente do IBOPE, Carlos Augusto Montenegro, de que pode haver o crescimento de uma “terceira via” na última semana do primeiro turno acendeu o sinal de alerta entre os tucanos.
O resultado já é visto na propaganda eleitoral. Doria mira França para tentar desqualificar o governador em exercício.
Os caciques do tucanato paulista se dividiram – ainda que a luta para “matar no ninho” as pretensões do gestor seja um consenso.
José Serra e Andrea Matarazzo, hoje no PSD, estão pedindo voto para Márcio França, enquanto o ex-governador Alberto Goldman e o ministro da Relações Exteriores, Aloysio Nunes, correm com Paulo Skaf.
Edson Aparecido, atual secretário de Saúde da prefeitura de São Paulo, fundador do PSDB, é outro que “fechou” com França.
Mandou recado por meio da mulher quando o atual governador foi ao Roda Viva, em julho.
Bruno Covas, prefeito de São Paulo, não apoia Márcio França mas faz “corpo mole” com Doria. Puro cálculo político.
Com a derrota quase certa de Geraldo na eleição presidencial e o eventual fracasso do gestor no estado, despontaria como uma das principais lideranças do tucanato em nível nacional.
Bruno já está trabalhando para juntar os cacos do que vai restar do partido no estado para remontar a base e preparar o terreno para sua reeleição daqui a dois anos.
Nos bastidores do PSDB, o que pega contra João Doria não é o fato de ter abandonado a prefeitura, e sim a “traição” a Geraldo.
Prefeitos ouvidos pelo DCM e que não quiseram se identificar alegam que a falta de lealdade é o que mais está pesando. Justificam o fracasso de Geraldo na corrida presidencial ao descumprimento do acordo um dia após Doria assumir a prefeitura.
O grupo de Doria tem visão oposta.
Alega que Geraldo “abandonou” o estado para buscar apoios no Nordeste e acabou ficando sem uma coisa nem outra.
O ambiente nas duas campanhas é de ressentimento: o grupo de Geraldo alega traição, enquanto a turma de Doria diz que o governador é devagar e não muito inteligente.
“Ele fez tudo errado e agora quer jogar a culpa na gente”, diz um dos coordenadores de campanha de Doria que pediu para não ter o nome identificado.
“Apostou na televisão, não deu certo, perdeu tempo no Nordeste, voltou de mãos abanando, não abriu um canal de negociação com o Centrão e acabou limado pelos caciques. É uma burrice atrás da outra, não tem como dar certo”.
O quadro nesses últimos dias leva muitos a acreditar que Geraldo e Doria podem morrer abraçados. Seria o fim de linha para alguém que foi sem nunca ter sido e outro cuja aventura política não passou de um sonho de uma noite de verão.