O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, cometeu um gigantesco erro político ao embarcar na canoa furada de Jair Bolsonaro no que diz respeito à vacinação contra a covid-19.
Em entrevista à CNN, disse que João Doria, governador de São Paulo, não poderá iniciar a vacinação em massa em 25 de janeiro.
Por que não?
Segundo ele, é o Ministério da Saúde que comprará as vacinas e distribuirá aos Estados e municípios.
Ao dizer isso, se coloca ao lado de um inepto, aliás, dois: o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e Jair Bolsonaro.
Eles demonstram não ter nenhuma pressa para disponibilizar imunizantes à população.
O que Caiado fará se São Paulo iniciar a vacinação em 25 de janeiro?
Virá ao Estado para tentar impedir que as pessoas se dirijam aos postos de saúde? Liderará a revolta da vacina voluntária, como destacou Elio Gaspari em sua coluna hoje?
A posição do governador de Goiás parece atender muito mais a uma disputa politica, com Bolsonaro à frente, do que ao interesse público.
É claro que Doria quer surfar na onda das vacinas e, a partir daí, preparar sua campanha à sucessão de Bolsonaro. Mas, se houver vacina de verdade, quem será contra?
Caiado se colocará na divisa do Estado para impedir que goianos se dirijam a um município de São Paulo para tomar a vacina?
Quem se opõe a Doria deve desmontar o discurso político dele, ao apontar que a obrigação de todo governante é buscar proteger a população.
Não é favor, é obrigação.
Por outro lado, simplesmente criticar Doria porque quer acelerar a campanha de vacinação é como se colocar contra alguém que queira entregar um prato de comida para quem tem fome.
Um despropósito a que Caiado, político experiente, está servindo.
Ele está preso à teia de Bolsonaro e do bolsonarismo, depois de ensaiar, no início da pandemia, que seguiria caminho próprio.