Pesquisadores marinhos identificaram uma mortalidade sem precedentes nos recifes de coral do litoral de Alagoas, causada pelo aumento extremo da temperatura do oceano Atlântico em 2024. A equipe do Ecoa-Lab (Laboratório de Ecologia e Conservação no Antropoceno), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), relatou que mais de 90% das comunidades de corais monitoradas morreram devido ao calor excessivo das águas, resultado das mudanças climáticas e do fenômeno El Niño.
Em um mergulho realizado em 23 de agosto, os cientistas se depararam com uma destruição sem precedentes nos corais da região, que faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, a maior unidade de conservação marinha costeira do Brasil. Segundo Robson Santos, coordenador do Ecoa-Lab, “o que encontramos foi um grande cemitério de corais”. A região é um dos ambientes recifais mais importantes do mundo.
O aumento de temperatura chegou a 34°C, cerca de 3°C acima da média normal para o período, o que ultrapassou o limite de tolerância das espécies. Espécies como o coral-de-fogo e o coral-couve-flor, exclusivo do litoral brasileiro, foram severamente afetadas. O fenômeno que atingiu seu pico em abril de 2024 foi descrito como uma das maiores ameaças à biodiversidade costeira da região.
Os corais não apenas oferecem abrigo e alimentação para diversas espécies marinhas, mas também ajudam a proteger as costas de eventos climáticos extremos, como tempestades e fortes ondas. A perda desses recifes pode, portanto, ter um impacto direto na segurança costeira e no turismo. “A degradação dos ecossistemas, aliada à falta de tratamento de esgoto e à poluição, vai dificultar ainda mais a recuperação dos corais”, lamenta Santos.
Além disso, o desaparecimento dos corais pode afetar a subsistência de milhões de pessoas que dependem da pesca e do turismo associado aos recifes. Os cientistas afirmam que somente com esforços coordenados, monitoramento contínuo e a conscientização pública será possível restaurar os recifes e mitigar esses impactos.
O branqueamento de corais, fenômeno observado desde 2019, já era um sinal de alerta. No entanto, a recente mortalidade em massa acendeu um novo sinal de emergência. De acordo com o pesquisador Cláudio Sampaio, os primeiros registros de branqueamento no Brasil ocorreram em 1998, mas o aumento na frequência e intensidade das ocorrências indica que a situação está se agravando rapidamente.
Com os corais já cobertos por algas e sem sinais de recuperação no curto prazo, o futuro dos recifes no litoral alagoano permanece incerto. As mudanças climáticas e a falta de políticas eficazes de preservação ameaçam um dos ecossistemas mais emblemáticos do Brasil.
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