O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou nesta terça-feira (4) que vai suspender o cronograma de implementação do Novo Ensino Médio. Segundo o ministro, a portaria prevendo a suspensão será assinada ainda hoje e tem um prazo de 60 dias.
Camilo defendeu que o principal objetivo dessa suspensão é dar tempo para uma discussão qualificada da reforma. “Estamos suspendendo qualquer avanço na implementação até que essa comissão defina, avalie, ouvindo a todos, quais serão as modificações, mudanças ou correções que faremos no Ensino Médio”, declarou o ministro durante entrevista em Brasília.
“Principalmente, por causa do Enem. Porque o Novo Ensino Médio previa que em 2024 nós tivéssemos um novo Enem. Como há ainda esse novo processo de discussão, nós vamos suspender essa portaria para que, a partir dessa finalização dessa discussão, a gente possa tomar as decisões em relação ao Ensino Médio”, completou.
O pronunciamento ocorre após Santana se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por quase duas horas nesta manhã.
O ministro ressaltou que a medida anunciada nesta terça-feira não interfere no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Ele também afirmou que as escolas que começaram a implementar o Novo Ensino Médio vão continuar com o processo.
“Nós vamos apenas suspender as questões que vão definir um novo Enem em 2024 por 60 dias. E vamos ampliar a discussão. O ideal é que, num processo democrático, a gente possa escutar a todos. Principalmente, quem tá lá na ponta, que são os alunos, os professores e aqueles que executam a política, que são os estados”, declarou.
Camilo ainda disse que haverá ajustes no modelo, mas manteve o discurso de que não há planos para a revogação da medida, como cobram entidades estudantis. “O processo da implantação [do Novo Ensino Médio] foi atropelado e há uma reclamação muito forte dos setores. Vamos manter o diálogo”, disse.
O Novo Ensino Médio
Proposto pelo ex-presidente Michel Temer, o Novo Ensino Médio foi aprovado pelo Congresso em 2017, a partir de medida provisória e prevê a organização da grade curricular em duas partes.
Pelas novas regras, 60% da carga horária dos três anos são compostos por disciplinas regulares, comuns a todos os estudantes. Os outros 40% são formados por optativas.
Desta forma, os alunos devem escolher em qual área querem aprofundar os estudos, entre cinco opções gerais: matemática e suas tecnologias; linguagens e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; e ensino técnico profissionalizante.