Quem é capaz de dizer o que Bolsonaro fará em relação ao salário mínimo, à previdência, ao sistema tributário, à educação, à saúde e todos os outros temas que afetam diretamente a vida das pessoas?
A 11 dias da eleição, o candidato do PSL foge dos debates, e um dos efeitos dessa estratégia é impedir que sejam aprofundados ideias que ele e seus aliados já externaram nesta campanha.
O que ele não esconde é a bandeira do armamento e as manifestações de profundo ódio pelo PT, e tudo o que lembre a esquerda.
“Vamos metralhar a petralhada”, disse ele no Acre, na véspera de ser alvo da facada em Juiz de Fora.
A insuspeita Miriam Leitão disse algo na Globonews sobre a ausência de debate na campanha.
“Depois de ter feito a cobertura desta campanha, eu sei explicar o que o Ciro pensa, ideias boas ou ruins, eu sei explicar as ideias do PT, sei explicar as ideias da Marina, do Alckmin. Eu não sei explicar as ideias do Bolsonaro, porque a estratégia foi esconder o pensamento, não falar”, disse.
Miriam Leitão está parcialmente certa. Parcialmente.
Quando homens mais próximos de Bolsonaro começaram a expor o que poderia ser o governo dele, deu ordem para que calassem.
Foi o que aconteceu com o banqueiro Paulo Guedes, depois do que disse em palestra para público restrito realizada em uma empresa que faz gestão de grandes fortunas.
Guedes anunciou que fixaria a alíquota única de 20% para o imposto de renda e recriaria a CPMF para ajustar as contas do governo.
O candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, em discurso para empresários no sul, falou que é contra o décimo-terceiro e o adicional de férias. Também foi desautorizado.
Antes da facada, Bolsonaro chegou a esboçar o que faria na área de educação, ao anunciar que implantaria o ensino à distância inclusive para o ensino fundamental — do primeiro ao nono ano, para crianças de 6 a 14 anos.
“Ajuda a combater o marxismo. Você pode começar com um dia por semana para baratear”, disse. Segundo Bolsonaro, há muitos pais que já preferem educar seus filhos em casa.
Na área de política externa, propôs fechar a representação diplomática da Palestina. “Não sendo um país, não teria embaixada aqui. Não pode fazer puxadinho, senão daqui a pouco vai ter uma representação das FARC aqui também”, explicou.
Em relação ao meio ambiente, propôs explorar a Amazônia em parceria com outros países. “A Amazônia é vital para o mundo, não é nossa e é com muita tristeza que digo isso, mas é uma realidade e temos como explorar em parceria essa região”, afirmou.
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, amigo de Bolsonaro, cotado para ser ministro da Agricultura, numa pasta que absorveria o Desenvolvimento Agrário, defende o maior desmatamento da Amazônia.
Nabhan diz que, de acordo com o Código Florestal, há espaço para derrubar mais árvores da região, para manter a propriedade com 80% de floresta nativa. O presidente da UDR adianta que, num governo de Bolsonaro, acabaria o diálogo com o MST para discutir a reforma agrária.
“Se o Bolsonaro sentar com eles, será a maior decepção de quem o elegeu”, afirmou.
Nabhan aprova a proposta externada por Bolsonaro de abandonar o Acordo de Paris (de redução do aquecimento global). “Há muita lenda sobre o aquecimento global”, disse, repetindo palavras de Bolsonaro e também de Donald Trump, que deixou retirou os Estados Unidos do acordo de Paris.
São exemplos das ideia sue movem o candidato do PSL.
Na verdade, ao contrário do que diz Miriam Leitão, é possível, sim, explicar Bolsonaro, a partir dessas declarações, dadas em campanha — sem levar em consideração absurdos ditos não muito tempo atrás.
Bolsonaro, em caso de eleição, será um desastre. Simples assim: um desastre.
Ah, mas pelo menos Dilma Rousseff foi tirada do Planalto, e Lula está preso.
Viva o Cid Gomes, o homem corajoso que costuma dizer umas verdades para o povo!
Um patriota.