O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) pela alta taxa de juros no país, foi palestrante em um evento do instituto de Michael Milken, na terça-feira (7), e usou o espaço para criticar o petista.
Ambos têm ideias diferentes sobre a taxação de juros, o que tem causado atritos. “A principal razão, no caso da autonomia do BC, é desconectar o ciclo de política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes lentes e diferentes interesses. Quanto mais independente você é, mais efetivo você é, e menos o país vai pagar em termos de custo-benefício da política monetária”, disse Campos Neto.
O evento Milken South Florida Dialogues ocorreu em Miami e foi idealizado pelo megainvestidor Michael Milken, condenado nos anos 1990 por cometer fraudes no mercado de ações americano e, por isso, acabou banido de Wall Street. Ele ficou 22 meses preso e hoje usufrui da fortuna que acumulou ao longo de anos no mercado de “junk bonds”.
Após ser solto, Milken passou a se dedicar em investimentos filantrópicos, com doações à pesquisa contra o câncer. Em 2020, ele recebeu o perdão presidencial do então presidente Donald Trump. A história de Milken inspirou o livro “Covil de Ladrões”, de James Steward, e também o personagem de Michael Douglas em “Wall Street: Poder e Cobiça”, de Oliver Stone.
Nesta semana, Lula afirmou “não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50%”, que está na verdade em 13,75%. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro”, disse o presidente.
Ele também classificou a autonomia do Banco Central como uma “bobagem” e firmou que “o problema não é de banco independente, não é de banco ligado ao governo. Problema é que esse país tem uma cultura de viver com os juros altos”.