Candidato de Bolsonaro no RJ, ex-chefe da Abin financia dupla do ‘gabinete do ódio’

Atualizado em 20 de outubro de 2023 às 11:54
Bolsonaro se encontra com Ramagem na sede da Abin em 2019. Foto: Carolina Antunes/Planalto

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), apontado como um possível candidato para representar o clã Bolsonaro nas eleições municipais de 2024 para a Prefeitura do Rio de Janeiro, financia, desde o início do ano, dois nomes considerados líderes do chamado “gabinete do ódio”, um grupo sob investigação por disseminar fake new e ataques às instituições durante a gestão bolsonarista. A informação foi divulgada pela Estadão.

Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), contratou, por meio de seu gabinete na Câmara dos Deputados, uma empresa de comunicação fundada por três ex-assessores do governo Bolsonaro.

Dois desses ex-assessores estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news: José Matheus Sales Gomes, ex-assessor do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e Mateus Matos Diniz. Ambos ocuparam cargos na Assessoria Especial de Bolsonaro entre 2019 e 2022.

Desde junho deste ano, o gabinete de Ramagem tem investido mensalmente R$ 7 mil na Agência Mellon, fundada por José Matheus, Mateus Diniz e Leonardo Augusto Matedi Amorim, ex-assessor da Secretaria Especial de Comunicação Social no governo Bolsonaro.

A empresa foi estabelecida em maio, um mês antes de iniciar a prestação de serviços de divulgação das atividades parlamentares do deputado.

As notas fiscais emitidas pela Agência Mellon indicam que a empresa fornece serviços de gerenciamento e produção de conteúdo para as redes sociais de Ramagem. Embora sediada em Brasília, a Agência Mellon não possui um site ou meio de comunicação disponível para contratação de serviços de comunicação e marketing.

Ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem vê atividade 'do | Política
Alexandre Ramagem (PL-RJ). Foto: reprodução

O repasse de recursos públicos para os ex-integrantes do “gabinete do ódio” começou antes mesmo da criação da agência de comunicação. Após o término do governo Bolsonaro, José Matheus foi nomeado secretário parlamentar no gabinete de Ramagem na Câmara. Em um período de três meses, de março a maio deste ano, ele recebeu R$ 28.174,63 entre remuneração e auxílios.

Apenas três dias após sua exoneração do gabinete, em 14 de maio, José Matheus e os outros dois sócios fundaram a Mellon Comunicação e Marketing LTDA perante a Receita Federal.

Ele construiu laços com o clã Bolsonaro e seus aliados chamando a atenção de Carluxo em 2013 com a página “Bolsonaro Zuero” no Facebook. Um ano depois, o vereador nomeou José Matheus, também conhecido como Matheus “Zuero”, para um cargo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde permaneceu até o início do governo Bolsonaro.

Vale destacar que Ramagem liderou a Abin quando a Polícia Federal (PF) indicou que a agência de inteligência poderia ter interferido nas investigações envolvendo Jair Renan Bolsonaro, conhecido como filho “04” do ex-capitão.

Um agente da PF admitiu ter recebido instruções para “coletar informações sobre uma operação que tinha Jair Renan como alvo, a fim de prevenir riscos à imagem de Bolsonaro”. Na época, a PF afirmou que a Abin teve um papel de “interferência nas investigações”.

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