Capelli nega que Lula tenha pedido “desmilitarização” do GSI

Atualizado em 22 de abril de 2023 às 21:36
Ricardo Capelli falando em microfone
Ricardo Capelli assumiu o GSI de forma interina – Foto: Agência Brasil

O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lhe pediu que apressasse o processo de “renovação e oxigenação” do ministério. Já sobre a possibilidade de um civil assumir em definitivo o comando da pasta, ele negou que o petista tenha recomendado a “desmilitarização” do órgão.

“A gente não pode cair em falsas contradições, como ou é um civil, um militar ou a Polícia Federal. Temos que ser consequentes com o lema do governo de união e reconstrução, temos que unir todos, e não criar falsos antagonismos”, disse ele, em entrevista ao Valor Econômico.

Após assistir às imagens da invasão às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, o ex-interventor na segurança pública do Distrito Federal afirmou que as cenas exibidas pela CNN Brasil foram editadas e a ordem cronológica dos acontecimentos foi invertida. Segundo ele, isso induziu o espectador a uma falsa percepção da conduta do chefe anterior do GSI, general Gonçalves Dias, que pediu demissão na última quarta-feira (19).

Capelli também adiantou que, quando Lula voltar da viagem a Portugal e a Espanha, eles devem se reunir e ele apresentará um diagnóstico sobre a pasta. Sendo o primeiro civil a se sentar na cadeira de ministro-chefe do GSI em 85 anos, ele procurou autoridades militares e seus interlocutores para se inteirar das funções da pasta.

A primeira conversa foi com o ministro da Defesa, José Múcio. Depois, ele conversou com o comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, e com o general da reserva Fernando de Azevedo e Silva, que foi ministro da Defesa na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Capelli achou que seria prudente ouvir essas e outras pessoas ligadas aos militares porque, desde a criação da pasta, em 1938, todos os titulares do ministério foram generais do Exército. Para o interino, a renovação dos cargos do ministério é algo “absolutamente natural” para acontecer em um início de governo. Desde janeiro, o GSI já teve 35% de seu quadro de funcionários renovado.

Gonçalves Dias com expressão séria
General Gonçalves Dias pediu demissão na quarta (19). (Reprodução)

Na mesma entrevista, ele admitiu que os acontecimentos de 8 de janeiro “criaram um certo clima” e isso deu um “sentido maior de urgência” para essa renovação. Porém, destacou que em um governo não se faz tudo em uma semana e confirmou o debate interno sobre a escolha de um civil ou um militar para a sucessão definitiva do ex-ministro Gonçalves Dias.

“A gente não pode, na minha visão, se deixar levar pelo calor da conjuntura. Tem que pensar estrategicamente o país, pensar nos interesses do Estado brasileiro. Você não pode no calor do evento do dia 8 [de janeiro], contaminar uma discussão que não está inserida num espaço temporal definido, que é uma questão estratégica”, defendeu ele.

Capelli completou: “É perfeitamente possível trabalharem no GSI, como já ocorre hoje, civis e militares fazendo jus ao lema do nosso governo que é união e reconstrução. Se queremos unir, isso não é possível reverberando um falso antagonismo entre civis e militares”.

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