Políticos como Mendonça Filho parecem desafiar a inteligência dos brasileiros. Ele foi ao Twitter para criticar o PT e o PSOL por decidirem não comparecer à posse de Jair Bolsonaro.
“O boicote à posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciado pelo PT e pelo PSOL, só reforça o DNA autoritário e antidemocrático dos partidos de esquerda. E mostra que não aprenderam nada com a história e muito menos com o recado dado nas urnas nesta eleição”, escreveu.
Mendonça Filho era líder do DEM em 2014 e não compareceu à posse de Dilma Rousseff, como mostra a reportagem de O Globo.
Ele inventou a desculpa de que deu prioridade à posse do governador de seu estado, Paulo Câmara.
Cascata.
O líder do PSDB, Antônio Imbassahy, também não foi, mas pelo teve mais sinceridade. Disse que fez questão de faltar.
DEM e PSDB tinha decidido não comparecer à posse de Dilma.
Na ocasião, entretanto, não houve crítica por parte da mídia.
Foi tudo considerado normal.
Já em relação ao PT, é paulada o tempo inteiro e se exigiu que o partido faça auto-crítica.
É certamente por isso que Mendonça Filho se sente à vontade para ir ao Twitter e criticar adversários por fazerem o que ele fez.
Mendonça é filho de deputado federal e casado com a filha do ex-ministro Marcos Vilaça.
Ocupa cargos políticos desde os 20 anos de idade, quando, pegando carona na popularidade do pai, se elegeu deputado estadual em Pernambuco.
Mais tarde deputado federal, apresentou o projeto de emenda constitucional que instituiu a reeleição no Brasil.
Depois que a emenda foi aprovada, em 1997, dois deputados confessaram, em conversa gravada, que tinham vendido o voto favorável à emenda.
Mendonça Filho foi um dos líderes do movimento que levou à derrubada de Dilma Rousseff, sem crime de responsabilidade que o justificasse.
Com a ascensão de Temer, foi indicado ministro da Educação e se licenciou do cargo em duas votações impopulares.
Foi a favor da reforma trabalhista e votou contra a abertura de processo criminal contra Michel Temer, justamente ele que dizia ser um cruzado contra a corrupção durante o governo de Dilma.
A velha imprensa dava generoso espaço a ele sem registrar que, em 2009, ele teve o nome divulgado em um grampo em que diretores da construtora Camargo Corrêa o citam como beneficiários de uma doação de R$ 100 mil em sua campanha para governador.
Em 2017, quando o professor de ciência política UnB, Luís Felipe Miguel, anunciou a criação da primeira disciplina sobre o golpe, Mendonça Filho ameaçou intervir na universidade.
Com a criação de disciplinas semelhantes, em universidades de todo o Brasil, recuou da ameaça, que era, evidentemente, inconstitucional.
Na última eleição, tentou o Senado por Pernambuco, mas foi derrotado.
Agora já se prepara para usar a única tribuna que lhe sobrou, o Twitter, para manifestar suas incoerências. Sabe que políticos oligárquicos como ele são poupados pela mídia.