Carlos Bolsonaro, a arma no hospital e o Brasil transformado no quintal da turma. Por José Cássio

Atualizado em 10 de setembro de 2019 às 18:37
Carlos e Jair Bolsonaro no Einstein e o estojo da Glock, de fabricação austríaca / Foto: reprodução do Twitter

Contrariando as recomendações da própria segurança do hospital, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ) circulou pelo Albert Einstein, durante a visita que fez ao pai nesta semana, portando uma pistola Glock, de fabricação austríaca – ela aparece num estojo em foto que o próprio Carlos postou nas redes sociais e que o Palácio do Planalto admitiu ser do filho do presidente.

Oficialmente, a direção do Einstein não se posicionou sobre o fato, mas numa conversa que a equipe do DCM teve com a chefia de segurança da instituição ficou claro que não é autorizado a qualquer pessoa circular armada pelo hospital.

Não é a primeira vez que Carlos Bolsonaro exagera nas suas prerrogativas de filho do presidente. No dia da posse, surgiu no Rolls Royce da presidência, também armado, na companhia do pai e da primeira dama Michele Bolsonaro.

Ele vai alegar que tem posse de arma. Mas, na prática, fere as regras do bom senso ao lidar assim com questões do cotidiano e condutas inaceitáveis para os simples mortais.

O Brasil tem até jurisprudência sobre a proibição de armas de fogo em ambientes hospitalares.

Recentemente, um juiz da 12ª vara Cível de João Pessoa/PB, Manuel Maria Antunes de Melo, julgou improcedente pedido de danos morais feito por um policial militar que pretendia ser indenizado por ter sido impedido de entrar armado para visitar um familiar internado.

Conforme o despacho, era claro como o céu da Esplanada dos Ministérios no dia em que Carlos desfilou no Rolls Royce da república, que o militar não poderia entrar nas dependências do hospital portando arma, mesmo estando fardado.

Segundo o juiz, é preciso entender que uma unidade hospitalar se submete a regras rígidas de segurança, sendo responsável pela segurança dos que estão em suas dependências, especialmente os pacientes.

“Fere o bom senso e despreza a lógica do razoável a pretensão de quem quer que seja, policial militar ou não”, escreveu. “Exceto, evidentemente, quando se é convocado para cobrir uma diligência policial” – não era esse o caso de Carlos Bolsonaro.

São diversas as situações em que os próprios policiais são convidados a se retirar quando estão armados, ainda que estejam de farda e trabalhando.

Mas que tipo de importância isso tem para a família Bolsonaro? Aparentemente, nenhuma. O Brasil virou o quintal dessa turma.