Há um quê de Hamlet em Carlos Bolsonaro, especialmente na obsessão doentia com o pai. Freud achava que Hamlet era um caso patológico, similar ao de vários de seus pacientes.
Carluxo tem um grito preso na garganta e no inconsciente que sai por vias indiretas.
Dá pistas o tempo todo (potenciais suicidas são os que ficam falando do assunto e, por isso, os familiares são orientados a buscar ajuda antes que a tragédia aconteça).
Num confronto horrendo no Twitter com Felipe Neto, ameaçou de maneira sutil — na medida em que esse sujeito consegue ser sutil — a mãe do youtuber.
“Sem essa de vitimização boçal! Guardo o mesmo carinho com ela só que guardava com Marielle”, escreveu.
Marielle Franco é o fantasma da família, que vai assombrar os varões até o fim de seus dias e ainda os fará contar o que sabem.
Uma das linhas de investigação de seu assassinato e do motorista Anderson Gomes pela Polícia Civil envolve o Zero Dois.
Segundo a Veja, o foco é uma briga de um assessor de Marielle, cujo nome é mantido no anonimato por razões óbvias, e o vereador em 2017.
O funcionário contou que passava pela porta do gabinete de Carlos e comentou que ele era filho de um deputado “ultraconservador que beirava o fascismo”.
Os dois bateram boca.
Carlos depôs sobre o episódio na Delegacia de Homicídios na condição de testemunha.
Segundo ele, Marielle “intercedeu para acalmar os ânimos, encerrando a discussão”. Ele passou a evitar o mesmo elevador que ela e seus funcionários.
Como se sabe, o porteiro do condomínio de Jair Bolsonaro declarou que, no dia do crime, alguém com a voz dele autorizou a entrada de um dos suspeitos do homicídio, que citou a casa 58.
A de Carlos, vizinha, é a 36.
Na live histérica que fez após a matéria da Globo, Bolsonaro acusou, de cara: “Querem prender um filho meu”.
Ora. Por que quereriam? Recado dado.
Os membros do clã são disfuncionais, ignorantes e viciados em fake news, mas, no meio do lixo, surgem os vestígios de seus atos.
Ninguém é ligado com as milícias impunemente.
O certo é que o final é como o de “Hamlet”: morre todo mundo.
Não, não, menin(x). Sem essa de vitimização boçal! Guardo o mesmo carinho com ela só que guardava com Marielle. A narrativa de vocês é suja com fezes de foca! Um beijo grande pra ela mesmo! pic.twitter.com/TBJYCYJMan
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) October 30, 2019