O vereador Carlos Bolsonaro (PL) acessou o cofre que mantinha no Banco do Brasil nos mesmos períodos em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comprou imóveis com indícios de irregularidades, conforme dados divulgados em julho pelo ICL Notícias.
Dados do banco revelam que Carlos e o senador Flávio Bolsonaro (PL) acessaram suas caixas de segurança 153 vezes ao longo de 12 anos. A média de acesso foi de uma vez por mês, com alguns dias apresentando mais de uma entrada.
O relatório da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MP-RJ, que detalha esses acessos, não menciona diretamente Flávio, mas as assinaturas nos documentos são compatíveis com as do senador, que confirmou ser coproprietário do cofre. Flávio negou qualquer vínculo entre as movimentações no cofre e as transações imobiliárias.
Os registros indicam que o cofre foi acessado em datas próximas às compras de duas casas no Condomínio Vivendas da Barra por Jair Bolsonaro. A primeira propriedade foi adquirida em 21 de janeiro de 2009, e Carluxo acessou o cofre naquele dia às 11h25, permanecendo por 20 minutos.
Vale destacar que a casa foi comprada por R$ 409 mil, valor inferior aos R$ 580 mil pagos pelos antigos proprietários quatro meses antes, sugerindo uma possível operação de pagamento “por fora.”
A segunda casa foi comprada em 13 de dezembro de 2012 por R$ 500 mil. Na mesma data, Carlos acessou o cofre às 10h17 e ficou lá por 14 minutos. O preço de compra é muito abaixo da avaliação da prefeitura para o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), que foi calculado em R$ 2,23 milhões, levantando mais suspeitas de irregularidades.
Outros acessos
Carlos também acessou o cofre no dia 3 de fevereiro de 2011, coincidindo com a compra de um imóvel em Copacabana por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que admitiu ter pago parte dos R$ 160 mil em dinheiro vivo.
Além disso, há registros de acesso em data próxima à compra de dois apartamentos em Copacabana por Flávio Bolsonaro em 26 de novembro de 2012, com uma venda subsequente que gerou um lucro de R$ 800 mil, mais de 200%.
As informações fazem parte da investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que examina o envolvimento de Carlos em um esquema de “rachadinha” em seu gabinete na Câmara Municipal. A investigação levou a uma denúncia contra sete servidores, mas o caso envolvendo Carlos foi arquivado por falta de provas.