Restam apenas três votos para o término do julgamento que decidirá se Jair Bolsonaro (PL) ficará inelegível por oito anos. Os ministros Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes, ambos do STF e alvos de constantes ataques por parte do ex-presidente, ainda não se manifestaram, mas espera-se que eles votem a favor da inelegibilidade, uma vez que o placar atual está 3 a 1 nessa direção.
A sessão de hoje começará com o voto de Cármen Lúcia, seguido por Kassio Nunes Marques e, por último, Alexandre de Moraes. Espera-se que Nunes Marques seja contrário à pena defendida pelo relator Benedito Gonçalves. Como ele foi indicado por Bolsonaro ao STF, tem sido pressionado por bolsonaristas.
Cabe ressaltar que qualquer ministro pode solicitar um adiamento e suspender o julgamento. Nesse caso, os demais ministros podem antecipar seus votos.
Bolsonaro fez ataques a Moraes enquanto ocupava o cargo de presidente. Ele criticou decisões tomadas pelo ministro e chegou a xingá-lo. Durante as manifestações de 7 de setembro de 2021, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha” e afirmou que não cumpriria mais nenhuma decisão dele. Dois dias depois, no entanto, o ex-presidente recuou dessas declarações.
Dentro do TSE, comenta-se que Moraes apresentará um voto contundente, durante a hora do almoço, contra Bolsonaro. Os ataques de Bolsonaro a Cármen Lúcia também são conhecidos. Em outubro, após o primeiro turno das eleições, ele afirmou que a ministra fez de “tudo para Lula” ser eleito presidente. Bolsonaro também fez declarações insinuando que só deixaria a presidência se Deus tirasse sua vida, após Cármen Lúcia pedir explicações ao presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre o motivo de não abrir um processo de impeachment contra ele.
Espera-se que tanto Cármen Lúcia quanto Moraes votem a favor da inelegibilidade de Bolsonaro, uma vez que os dois ministros já defenderam a confiabilidade das urnas eletrônicas e se opuseram a discursos antidemocráticos.
Quanto ao voto de Nunes Marques, espera-se que ele defenda uma pena mais branda para Bolsonaro. O ministro indicado por Bolsonaro ao STF tem sinalizado que não pedirá um adiamento, mas proferirá um voto com uma punição menos severa. Espera-se que ele reconheça a gravidade das condutas do ex-presidente, porém argumente que não há motivos suficientes para a inelegibilidade, defendendo possivelmente a aplicação de uma multa como punição intermediária.
Vale mencionar que Bolsonaro já elogiou Nunes Marques em uma agenda no Planalto, referindo-se a ele e a André Mendonça, outro ministro do STF indicado por Bolsonaro, como representantes de uma parte dos votos desejados na Corte.