Carta aberta ao jornalista Pedro Bial. Por Manuela D’Ávila

Atualizado em 16 de maio de 2018 às 21:30

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POR MANUELA D’ÁVILA, pré-candidata do PCdoB

Manuela D’Ávila. Foto: Divulgação/Facebook

Oi Bial, tudo bem?

Em 1 de janeiro de 2005 tomei posse como vereadora de Porto Alegre.

Terminei o meu discurso de posse da mesma forma que já havia terminado outros tantos, afirmando que “tarda, tarda, tarda mas não falha. Aqui está presente a juventude do Araguaia”.
Essa palavra de ordem me acompanha desde 1999, ano em que me filiei à União da Juventude Socialista e, mais tarde, ao Partido Comunista do Brasil.

Não por acaso, em 9 de dezembro, minha primeira agenda enquanto pré-candidata a presidência da República aconteceu justo em Marabá, no Sul do Pará, região marcada pela Guerrilha e pelo heroísmo dos camponeses e dos militantes comunistas.

Ontem lhe ouvi dizer que o PCdoB “preferiu fingir que aquilo não aconteceu”. Fiquei perplexa.

É verdade que a imprensa não tratou com a importância devida nossas caravanas à região do Araguaia em 2004 e 2014, quando levamos dezenas de jovens para conhecer a região e sua historia. Também não deram a dimensão adequada às outivas dos torturados pela ditadura, na Comissão da Verdade, também em 2014.

Você viu o filme de Ronaldo Duque chamado “Araguaia, a conspiração do silêncio”? Foi lançado uma década antes, em 2004, num congresso da UJS.

Há também um documentário chamado “Camponeses do Araguaia – a guerrilha vista por dentro”. Foi produzido pela Fundação Mauricio Grabois a partir de depoimentos de moradores da região. É de 2010 e foi dirigido por Vandré Fernandes e Ana Petta.

São partes da nossa luta justamente para que a história não seja esquecida.

A luta dos nossos camaradas no Araguaia está tatuada em nossos pensamentos.

A história se mostra na construção do nosso presente.

A fundação de nosso partido chama-se Mauricio Grabois, em homenagem ao principal comandante da Guerrilha, por exemplo.

No Rio Grande do Sul, a União estadual de estudantes (UEE-livre) é conhecida como JUCA, em homenagem à João Carlos Hass Sobrinho, estudante de medicina executado na guerrilha.

João Amazonas, presidente do partido, ao morrer, em 2002, teve suas cinzas jogadas no Araguaia. O pedido foi registrado em bilhete, em seus últimos momentos de vida. (a imagem é do bilhete escrito por ele)

Bial, nós do PCdoB não silenciamos e nem fingimos que não aconteceu.

Lutamos por justiça em voz alta há décadas e por gerações.

Ficamos felizes que você tenha finalmente escutado.

Afinal, nós sempre acreditamos que tarda mas não falha.

Beijo,
Manuela