Duas namoradas, de 19 e 26 anos, são as mais novas vítimas da violência bolsonarista que tomou conta da cidade de Iajaí, no litoral norte de Santa Catarina, em episódio ocorrido no Natal. Uma delas apanhou de três homens ao mesmo tempo, com socos no olho, na boca e na garganta.
Conforme vem mostrando o DCM, o município já foi alvo de sequestro, tortura, agressões, depredações e até ameaças terroristas por parte de elementos de extrema direita inconformados com o resultado da eleição presidencial deste ano. O bando está reunido em acampamento em frente a uma instalação da Marinha do Brasil, junto ao Mercado Municipal, na principal região gastronômica e cultural da cidade.
Na noite do dia 25 de dezembro, por volta das 22h, duas mulheres (cujos nomes completos não serão divulgados) foram agredidas após defender uma família de venezuelanos.
De acordo com o relato das vítimas, os estrangeiros pediam abrigo em um momento de forte chuva em Itajaí, ao que foram informados de que aquele espaço (público, em área de estacionamento do Mercado) era “reservado exclusivamente aos patriotas”. Uma das vítimas gravou um vídeo explicando tudo, em uma conta de Instagram, e a imprensa local reproduziu as imagens, com a voz da mulher agredida alterada.
“A gente viu que tinha um pessoal da manifestação indo para cima de uma família. A mulher estava chorando muito e o marido, gritando. Parecia que eles estavam sendo ameaçados. A gente foi ver o que estava acontecendo, para ajudar de alguma forma”, explica a vítima.
A jovem explica que ela e sua namorada se depararam com uma mulher chorando em uma esquina próxima, em frente a uma loja de colchões. Ao mesmo tempo, o marido da mulher estava discutindo com um grupo de manifestantes bolsonaristas. “Eu tentei conversar com ela, mas fui interrompida, veio um homem que estava na manifestação e passou a me xingar, dizendo que eu não deveria estar aí”, recorda.
Longe de ceder às ordens dos bolsonaristas, a jovem permaneceu no local: “Continuei a conversar e tentar acalmar a mulher que chorava, para entender o que estava acontecendo, apaziguar a situação. Um dos homens começou a vir para cima de mim, me empurrar e me agredir. A minha namorada reagiu, nisso vieram muitos homens”.
A partir daí, o que ocorreu, o número aproximado de socos, a descrição de quem os desferiu, as marcas que os golpes deixaram, tudo consta em boletim de ocorrência, mais um B.O. para a coleção da Polícia Civil de Santa Catarina, que já investiga – todavia sem sucesso – quem são os agressores de um fotógrafo que passava no local e foi reconhecido como “petista”, quem ameaçou e agrediu os funcionários de um restaurante identificado como “comunista” e quem enviou ameaças de cunho declaradamente nazista a uma mostra de arte do Haiti, recentemente realizada na cidade.
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No último dia 27, o presidente municipal do Partido dos Trabalhadores em Itajaí, Gerd Klotz, reuniu-se com uma das vítimas. De acordo com publicação do partido nas redes sociais, “as vítimas relataram detalhes do ocorrido e a forma covarde como foram agredidas ao tentarem defender um casal de venezuelanos e o filho menor de idade que estavam sendo agredidos e ameaçados por estes terroristas, criminosos que pregam golpe de Estado e desrespeitam a Constituição Federal, usurpando o espaço público.”
O dirigente informou ainda que o PT vai “acompanhar o caso, dando à vítima apoio jurídico para que seus agressores sejam encontrados e punidos”.