Caso do hacker envolver o PT é repeteco da fraude do sequestro de Abílio Diniz. Por José Cássio

Atualizado em 24 de julho de 2019 às 22:57
Moro passou do canalha que agia ao arrepio da Lei à vítima

Estava demorando para aparecer o PT na farsa da Lava Jato protagonizada pelo ministro Sergio Moro em conluio com a Polícia Federal e parceria com a velha Imprensa.

Desta vez foi o portal UOL o encarregado de entregar o serviço: noticiou que o advogado de Gustavo Elias Santos, 28, o DJ de Araraquara, disse que seu cliente “ouviu de outro dos quatro presos pela Polícia Federal (PF) ontem, Walter Delgatti Neto, que a intenção era vender ao PT (Partido dos Trabalhadores) as mensagens hackeadas do celular do ministro da Justiça, Sergio Moro”.

Pronto. Está dada a senha para desconsiderar o conteúdo que revela os métodos de Moro e dos procuradores da Lava Jato na perseguição e prisão de Lula.

Nada mais fará sentido, senão acusar os mensageiros. E, se possível, levar Glenn Greenwald, editor do The Intercept, à prisão.

Se o plano funcionar, não será novidade.

Esse conluio das autoridades de direita com a velha mídia é antigo.

Um dos exemplos mais escandalosos envolve o sequestro do empresário Abílio Diniz, executivo do grupo Pão de Açúcar, em 1989.

O Brasil vivia um momento parecido com o atual, com a esquerda de um lado, com Lula, e a direita de outro, com Collor – disputavam o segundo turno da eleição presidencial.

Jornais da época suscitaram envolvimento do PT no sequestro, usando fontes da polícia.

Após a vitória de Collor, as acusações foram desmentidas.

Mas o estrago já estava feito.

Moro, na visão difundida pela Imprensa tradicional, deixou de ser o canalha que atuava ao arrepio da lei para perseguir e tirar da frente um candidato à presidência que não contava com o apoio do establishment.

Passou de vilão à vítima.

Dane-se a Justiça. Dane-se a dignidade. O Brasil nunca ligou para isso. Seria estranho se agora fosse diferente.