Publicado originalmente no GGN:
Se tem um episódio que transformou Roberson Pozzobon num rosto memorável dentro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, foi aquele em que o procurador, ao denunciar Lula usando um power point, disparou algo como: “Não temos provas, mas temos convicção.”
Era setembro de 2016. Passaram-se mais de três anos desde aquele evento histórico. Lula já foi condenado, preso, impedido de disputar a eleição e, depois, colocado em liberdade. Agora, vê seu filho mais velho, Fábio Luís, o Lulinha, virar o mais novo alvo da Lava Jato, que segue oferecendo aos jornalistas um amontoado de convicções sem provas.
Desde segunda (10), os procuradores de Curitiba têm vendido na grande mídia – que mesmo depois do dossiê do Intercept Brasil, segue sem nenhum senso crítico em relação à Lava Jato – a narrativa de que os negócios da Oi com o grupo Gamecorp, de Lulinha e sócios, precisam ser investigados.
A força-tarefa alega que é possível que algum dinheiro pago pela Oi à empresa ligada aos Lula, Suassuna e Bittar, tenha sido usado para comprar o sítio de Atibaia.
A hipótese é tudo o que a Lava Jato tem no momento. Foi para sair do campo da imaginação que deflagraram uma operação policial ostensiva, com mais de 40 mandados de busca e apreensão, na esperança de achar alguma coisa que prove que eles estão certos.
O jornal O Globo, parceiro da Lava Jato, registra a expectativa dos procuradores em matéria publicada nesta terça (11).
O diário afirma expressamente: “Até aqui, ainda não há documento que comprove a tese” da Lava Jato contra Lulinha. “Obter essa prova é atualmente o maior desafio da investigação.”
Roberson Pozzobon, por sua vez, acrescenta: “Temos que aguardar o resultado das buscas, amadurecer esta investigação neste aspecto.”
É a admissão de que, mais uma vez, a Lava Jato em Curitiba construiu contra a família Lula uma narrativa criminosa. E agora caça qualquer elemento de prova que possa validar, perante a 13ª Vara de Curitiba, suas convicções.