Em depoimento à Justiça do Rio de Janeiro nesta terça-feira (10), o ex-policial militar Élcio de Queiroz disse que agentes da Delegacia de Homicídio tentaram extorquir dinheiro de Ronnie Lessa antes deles serem presos em 2019, sob acusação de terrem assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
As vítimas foram mortas a tiros na noite de 14 de março de 2018, no Estácio, centro do Rio. Um ano depois, Ronnie e Élcio foram presos, sendo o primeiro acusado de ter atirado contra a vereadora, e o segundo, de dirigir o carro usado no crime.
O ex-policial afirmou que ele e Ronnie souberam que estavam na mira das investigações da Delegacia de Homicídio antes mesmo de terem sido chamados para depor na delegacia especializada. Élcio disse que policiais da própria delegacia e de outros órgãos da Polícia Civil vazaram informações sobre as investigações.
De acordo com Élcio, um agente da Delegacia Homicídio tentou contato com Ronnie pelo menos quatro vezes antes da prisão. O policial, identificado como “Marquinhos da DH”, estaria tentando extorquir dinheiro de Ronnie.
O ex-PM afirmou que já havia considerado fazer uma delação, mas que não confiava na Polícia Civil. Entre os motivos para a desconfiança, destacam-se a tentativa de extorsão contra o amigo e os vazamentos frequentes da investigação.
Élcio disse que só fechou o acordo porque as investigações passaram a ser conduzidas pela Polícia Federal (PF). “Houve comentário de extorsão do Ronnie. Como vou confiar numa polícia que estava o todo tempo negociando com o Ronnie? Eu confio na PF”, declarou.
Além disso, Élcio afirmou que agentes da Delegacia de Homicídio extorquiram dinheiro do ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) Adriano da Nóbrega, apontado como chefe de um grupo de matadores de aluguel e que foi morto em 2020.