Após um meticuloso processo de quatro meses de checagem, incluindo várias visitas a Campo Grande (MS), onde Ronnie Lessa está preso, a delação do ex-policial militar, agora confessado como o assassino da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, foi oficialmente considerada válida.
A validação do documento ocorreu apenas após mais dois meses de procedimentos, até fevereiro deste ano, quando foi finalmente assinado e encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que posteriormente o enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nas últimas semanas.
No final de 2023, o teor das informações fornecidas por Lessa aos investigadores foi remetido ao STJ, que realizou duas sessões secretas para determinar onde o caso deveria prosseguir – se no próprio tribunal ou no Supremo.
Esta complexidade decorre da mudança de status de uma das pessoas mencionadas por Lessa como mandante desde 2018, quando o crime ocorreu, e que passou a ter direito a foro privilegiado.
No STJ, são tratados casos envolvendo réus como governadores, membros de tribunais de contas estaduais e municipais, desembargadores dos Tribunais de Justiça, entre outras autoridades. Já no Supremo, têm direito ao foro figuras como o presidente e o vice-presidente da República, deputados federais, senadores, ministros, integrantes de tribunais superiores, do Tribunal de Contas da União (TCU) e embaixadores.
De acordo com a colunista Malu Gaspar, do Globo, fontes familiarizadas com o caso afirmaram que o primeiro contato de Ronnie Lessa com a PF do Rio de Janeiro ocorreu em agosto de 2023, pouco depois que o ex-PM Élcio de Queiroz admitiu ter dirigido o carro utilizado na emboscada à vereadora e ajudado Lessa no homicídio.
Ao constatar que Queiroz havia colaborado com a polícia e recebido benefícios, como transferência para o Rio de Janeiro, Lessa considerou fazer uma delação. No entanto, assim como na negociação com Queiroz, a delação só foi encaminhada após a confirmação das informações por outras fontes, como registros de antenas telefônicas ou câmeras de segurança.
Durante esse período, o advogado de Lessa, Bruno Castro, deixou a defesa do ex-policial, e sua filha divulgou uma nota afirmando que romperia relações com ele caso o acordo fosse confirmado e o pai confessasse o assassinato de Marielle.
Lessa está detido na penitenciária federal de Campo Grande (MS) e enfrenta dez ações penais por crimes como duplo homicídio e tráfico de armas. Com a homologação da delação, espera-se que ele cumpra pena em uma unidade prisional no Rio de Janeiro, enquanto aguarda uma sentença que pode variar entre 20 e 30 anos de prisão em regime fechado.
Preso desde março de 2019 pela participação nos homicídios, Lessa foi expulso da corporação em 2021 e condenado a quatro anos e meio de prisão por ocultação de armas utilizadas no crime.
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