Casos de covid-19 no Brasil têm maior alta desde abril, e fazem mais 3 mil mortes

Atualizado em 16 de junho de 2021 às 22:36
No próximo dia 19, mais protestos contra a condução errática do combate à pandemia estão marcados para todo país – Instagram

Originalmente publicado em BRASIL DE FATO

Por Gabriel Valery

O país teve nas últimas 24 horas o maior número de mortos por covid-19 desde 4 de maio – 2.997 –, e, assim, chegam a 493.693 os óbitos causados pelo novo coronavírus. As informações são do painel do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Em relação ao número de novos casos de covid-19 no Brasil, o aumento também foi expressivo: foram 95.367 novos infectados de ontem para hoje (16).

Tanto as mortes quanto os casos de covid-19 estão acima das médias móveis, calculadas nos últimos sete dias. O indicador de novos doentes está em 72.244; e o de mortos em 2.025. A ocorrência de casos diários está no pior patamar desde o dia 1º de abril, quando o Brasil enfrentava o pior momento da segunda onda.

Os dados apontam para uma nova escalada da pandemia, a caminho da chamada “terceira onda”, apontada há semanas por cientistas. Diante dessa tendência, e iminente o risco de colapso do sistema de saúde de todo o país, tal como aconteceu entre março e abril deste ano. O epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Jesem Orellana, lembra ainda que esses dados sofrem de subnotificação.

“É muito provável que este número seja bem maior. Nossa capacidade de detecção de casos novos não é das melhores. Tanto em função das limitações da tecnologia, como das dificuldades de fazer rastramento dos contatos”, disse à RBA.

“Nos últimos sete dias (9 a 15 de junho), em média, foram computados 1.986 mortos por Covid-19 no Brasil. Caso o padrão de mortes se mantenha, em 23 de junho, quando Brasil e Colômbia jogam pela Copa América, o Brasil terá ultrapassado meio milhão de mortes confirmadas por covid-19”, destaca o epidemiologista da Fiocruz Amazonas Jesem Orellana.

Com 52 casos de covid-19 nos ambientes da Copa América em dois dias de competição, Jesem relata que o resultado dentro de campo pouco importa. Na vida real, o Brasil é perdedor. “Ainda que o Brasil vença o jogo, terá sido derrotado fora de campo pela falácia do ‘evento esportivo mais seguro do mundo’ e que caminha para a centena de casos novos confirmados, pelo atordoante número de mortos e pela retomada no número de contágios e mortos no país. O Brasil deixou de ser o país do futebol e do samba, para se tornar o lar predileto de variantes de preocupação, da indiferença perante a morte e do negacionismo científico”, disse.