Os Arautos do Evangelho, uma organização católica controversa no Brasil, foi fundada em 1997 por João Scognamiglio Clá Dias, que morreu nessa sexta-feira (1), aos 85 anos, em Franco da Rocha (SP). No entanto, o monsenhor renunciou ao cargo de presidente da associação em 2017 após denúncias de maus-tratos, alienação parental e abusos sexuais, levando ao encaminhamento de 47 denúncias ao Ministério Público, quatro das quais envolvem abuso sexual. Em setembro deste ano, a Justiça de São Paulo encerrou de vez uma Ação Cívil Pública proposta pela Defensoria Pública e não deixou o MP-SP assumir o caso.
Desde então, o arcebispo emérito de Aparecida, Raymundo Damasceno, foi designado pelo Vaticano como interventor do grupo, que também está sob vigilância da Igreja desde 2017, quando o Papa Francisco começou a se preocupar com seitas que se distanciam dos princípios católicos.
Os relatos de ex-membros também indicavam que a vida dentro da organização é marcada por uma vigilância extrema, restrições severas ao contato com o mundo exterior e práticas questionáveis, como castigos físicos e exorcismos em jovens.
De acordo com fontes consultadas por investigações e da reportagem da Carta Capital, os líderes do Arautos do Evangelho, foram acusados de manipulação psicológica e de promover uma adoração desmedida aos seus fundadores, Plínio Corrêa de Oliveira e João Sconamiglio Clá. A estrutura organizacional inclui rituais secretos e um “ordo de costumes” que rege aspectos do dia a dia, desde a forma de se vestir até a proibição de conversar durante as refeições.
As denúncias ganharam força com depoimentos de mães que relatam a alienação de seus filhos e dificuldades de adaptação após deixarem a organização. Uma das mães, Patrícia Sampaio, destacou a manipulação emocional e a promessas de visitas aos filhos que nunca se concretizavam. Outras ex-integrantes também relataram experiências traumáticas, como rituais de expiação que envolviam humilhações e insultos, e comportamentos inapropriados por parte de líderes.
Além das graves acusações, a organização é conhecida por suas táticas de captação de recursos, com estimativas de arrecadação mensal em torno de R$ 10 milhões. Ex-membros relataram que a organização utiliza métodos de sedução para atrair doadores e convertê-los em contribuintes regulares, explorando a fé dos fiéis. Em resposta às denúncias, os Arautos têm descredibilizavam as acusações, rotulando-as como perseguição religiosa e processando denunciantes e críticos.
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