Celso Amorim não vê “grandes benefícios” para o Brasil entrar na OCDE

Celso falou de política externa

Atualizado em 28 de janeiro de 2022 às 11:04
A imagem de Celso Amorim no DCM
Celso Amorim conversando com o canal DCM TV. Foto: Reprodução/YouTube

O ex-ministro Celso Amorim concedeu uma entrevista para Patrícia Campos Mello na Folha de S.Paulo e falou sobre a OCDE e o Brasil, entre outros assuntos. Falou também sobre Lula.

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O que disse Celso Amorim?

O ex-presidente Lula esteve na Europa e tinha viagem marcada para o México, adiada por causa da variante ômicron do coronavírus. Não seria importante uma viagem aos EUA também? 

Isso de dizerem que os governos do PT viraram as costas para os EUA é um absurdo. Óbvio que tivemos diferenças, mas o só o fato de o presidente Lula ter sido recebido em Camp David [pelo então presidente George W. Bush, em 2007] demonstra que não é nada disso. Houve diferenças sobre alguns temas, que foram tratados de maneira adulta”.

O ingresso na OCDE é prioridade? 

Acho que a gente tem que ver isso com muito, muito cuidado —e é uma longuíssima negociação. O que ganharam os países que entraram? O Chile teve uma crise do neoliberalismo brutal nas ruas. O México, país que mais se abriu, foi um dos que mais sofreram com a crise do [banco] Lehman Brothers [2008]. Ser da OCDE não fez com que o México recebesse mais investimentos que o Brasil.

Não há grandes benefícios em entrar na OCDE. A OCDE é, digamos, um templo do neoliberalismo, que impõe abertura comercial, liberdade de movimentação de capitais, restrições a propriedade intelectual, genéricos, licença compulsória de medicamentos. Eu acho que a gente tem que ver isso com cuidado. Não vou demonizar a OCDE, mas também não vou endeusar. Esse “pseudosselo” de qualidade já era, depois do que aconteceu no Chile e no México. Talvez possamos fazer uma negociação conjunta com a Argentina, que também foi convidada. Tem que ser com calma.

Estamos vendo a movimentação do ex-presidente Lula em direção ao centro, com gestos para o ex-governador Geraldo Alckmin, recém-saído do PSDB. Podemos esperar uma política externa de centro? 

Nossa política externa já é de centro, nunca foi de esquerda, é uma política nacional. Nossa política externa não teve nenhum momento de hostilidade aos EUA, à UE, apenas deu ênfase a África, América do Sul, Brics, que tinham menos ênfase”.

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