Publicado originalmente no blog do autor
Será que vem nova ameaça, depois da decisão do ministro Celso de Mello determinando que Bolsonaro preste depoimento presencial, e não por escrito, à Polícia Federal?
Bolsonaro deve dizer, no inquérito aberto por denúncia de Sergio Moro, se interferia politicamente na Polícia Federal.
O sujeito queria depor por escrito. Não vai levar. Este é um trecho do despacho de Celso de Mello:
“O Senhor Presidente da República, por ostentar a condição de investigado, não dispõe de qualquer das prerrogativas (próprias e exclusivas de quem apenas figure como testemunha ou vítima) a que se refere o art. 221, “caput” e § 1º, do CPP, a significar que a inquirição do Chefe de Estado, no caso ora em exame, deverá observar o procedimento normal de interrogatório”.
Sempre lembrando que decisões anteriores de Celso de Mello provocaram reações no Palácio do Planalto e até uma nota de Augusto Heleno, em maio, com ameaça de instabilidade.
Desta vez, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu que Bolsonaro respondesse às questões por escrito.
Delegados da Polícia Federal deverão ir ao gabinete de Bolsonaro ou a uma sala por ele escolhida para que seja ouvido no Palácio do Planalto ou no Palácio da Alvorada.
Essa é a realidade de um país cada vez mais esdrúxulo. O presidente da República será ouvido pela Polícia Federal sobre interferências na própria Polícia Federal, com a suspeita já consagrada de que agia para proteger os filhos.
O inquérito foi aberto a partir de denúncias de Sergio Moro.