Os celulares apreendidos na operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal nesta terça-feira (23) revelaram conversas entre o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, e os empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado caso Lula (PT) vença as eleições deste ano, segundo o Jota.
A informação foi confirmada por fontes da própria PF, do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF). As mensagens contêm críticas à atuação do ministro do STF Alexandre de Moraes e também comentários sobre a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL). As conversas ainda estão sob sigilo, mas já são assunto entre ministros do Supremo.
Além de PGR, Aras também é procurador-geral-eleitoral e as mensagens com os empresários podem trazer problemas para ele nesta posição. Segundo a PGR, Moraes autorizou as buscas e comunicou a PGR da operação da PF somente depois de iniciada. No entanto, fontes ligadas ao ministro dizem que a PGR foi informada da operação na segunda-feira (22).
Um dos amigos do procurador-geral da República é o empresário Meyer Nigri, da construtora Tecnisa. Ele chegou a ser citado nominalmente no discurso de posse de Aras como PGR: “Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos. E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome de quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias”, disse Aras.
Segundo assessores de Aras, ele tem conhecidos e amigos empresários e, portanto, há conversas entre eles. Os assessores reiteram que o procurador-geral da República soube somente hoje da operação e, assim sendo, não trocou informações sobre as diligências policiais. Afirmam ainda que as mensagens enviadas por Aras a um dos empresários que é alvo da investigação, são comentários “superficiais”.
Foram alvos de busca e apreensão os empresários Luciano Hang (Havan); Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu); Ivan Wrobel (W3 Engenharia); José Isaac Peres (Multiplan); José Koury (Barra World); Luiz André Tissot (Sierra); Marco Aurélio Raymundo (Mormaii); e Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).
Os mandados foram cumpridos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.