Zapeio a televisão e paro em Shane, um clássico do faroeste.
Paro tudo e vejo. Mais uma vez.
Zapeio a televisão e paro em Shane, um clássico do faroeste.
Paro tudo e vejo. Mais uma vez.
Gosto do herói solitário, incorruptível, melancólico, gosto do homem que “faz o que tem que fazer”, como Shane diz e como Shane é.
Shane não quer mais usar a pistola com a qual é exímio. Rápido, certeiro.
Mas um homem faz o que tem que fazer. E então ele a tira da gaveta onde jazia para enfrentar os vilões que querem matar o dono do rancho em que ele trabalhava para tomar suas terras.
Ele tentara viver uma vida pacífica, mas não era isso que a fortuna imporia a ele.
Um homem faz o que tem que fazer. No caso dele, isso significava sacar a arma e matar vilões até que um deles algum dia fosse mais rápido.
A primeira vez que vi Shane me marcou, particularmente, a cena em que ele se despede da mulher do dono do rancho, que ele amava silenciosamente, respeitosamente. Homens como Shane, em sua pureza inexpugnável, jamais avançam sobre mulheres alheias.
Sou um obcecado por cenas de despedidas. Elas contêm toda a tensão, toda a grandeza épica que um caso de amor pode ter.
A mulher pergunta a Shane, ao vê-lo partir, quando voltariam a se ver. Ele avisa que está indo embora para não voltar.
“Nunca mais?”
“Nunca é tempo demais”, ele responde. Never is a long time.
Escrevi um romance aos 30 e poucos anos ao qual dei exatamente este título. O personagem principal esperara uma vida inteira para, numa despedida, poder dizer essa frase.
Guardei esse romance na gaveta. Jamais quis publicá-lo.
Um homem faz o que tem que fazer.