Chanceler Araújo homenageia rei celebrado pelo neonazista que matou 77 na Noruega e por supremacistas brancos

Atualizado em 12 de maio de 2019 às 11:06

Em suas andanças para confraternizar com a extrema direita pelo mundo, o chanceler Ernesto Araújo bateu ponto na Polônia.

“Ontem, no castelo de Varsóvia, com o retrato do rei polonês Jan Sobieski, vencedor da batalha dos portões de Viena em 1683”, escreveu no Twitter sob um quadro do italiano Bacciarelli.

Sobieski é celebrado como “salvador do Ocidente” por neofascistas, supremacistas brancos e facínoras ideologicamente comprometidos em geral.

Era ídolo de Anders Breivik, o terrorista que executou 77 pessoas na Noruega em 2011.

O manifesto em que Breivik justifica seu crime atacando “marxistas culturais” e defensores da “hegemonia multiculturalista” — obsessões repetidas pela turma de Araújo — se chamava “2083 – Uma Declaração Européia de Independência”.

O ano de 2083 marcará o 400º aniversário da Batalha de Viena, tema da pintura sob a qual posou Araújo.

O Império Otomano, que se estendia das margens do Golfo Pérsico até o que são hoje Budapeste e Marrocos, sitiou a cidade por três meses.

Forças polaco-lituanas, húngaras, austríacas e alemãs, sob o comando de Sobieski, derrotaram os islâmicos.

Breivik escreveu que “em 11 de setembro de 2083, a terceira onda da jihad terá sido repelida”, juntamente com a “cultura marxista / multiculturalista”.

O episódio passou para a história como um choque de civilizações, a vitória cristã sobre os muçulmanos.

Para neonazistas e conspiracionistas de direita, estamos numa nova fase dessa guerra antiga.

“Devemos nos levantar e reivindicar o que é nosso por direito!”, conclama Breivik.

“A Europa voltará a ser governada por patriotas”.

Numa foto de um encontro com Matteo Salvini, vice-premiê da Itália, Araújo afirma que “cingimos o elmo e estamos prontos para a luta decisiva”.

O buraco em que o olavo-bolsonarismo quer nos meter, tendo como veículo figuras como Araújo, é bem mais embaixo.