Chile, a imagem-síntese. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 26 de outubro de 2020 às 21:14

Publicado originalmente no perfil do autor

Por Gilberto Maringoni

Quando me deparo com uma obra de arte definitiva – para não usar o desgastado “genial” – tenho uma sensação dupla.

A primeira é a de ficar paralisado de tão embasbacado . É como se alguém tão superior em inteligência e sensibilidade chegasse no meio de uma algaravia confusa e nos dissesse: “É por aqui!”. Isso se aplica a soluções políticas hábeis e aparentemente simples. O talento tem a característica de síntese.

Há poucas sínteses tão brutais – e ao mesmo tempo tão poéticas e familiares – da II Guerra Mundial quanto “A balada do soldado”, fita curta e de narrativa simples. Raras obras literárias são tão definitivas quanto “O alienista” ou “O grande Gatsby”. Elas me deixam atônito, assim como “Paz, pão e terra”, resumo da mobilização popular na Revolução Russa.

O segundo sentimento é de inveja vergonhosa. Lateja no cérebro a mesquinha frase “como eu não pensei nisso?”

Pois esta imagem-síntese da vitória chilena deste domingo é grandiosa como o evento em si.

Sem palavra alguma, nos revela a essência do que estava em jogo. Não sei quem é o/a autor/a. Só consigo, sem recuperar o fôlego, repetir sem mais:

– BRILHANTE! BRILHANTE!