Nesta quinta-feira (14), a China divulgou um relatório no qual denuncia a interferência dos Estados Unidos e classifica como hipócrita a abordagem de Washington em relação à liberdade de expressão dentro e fora do país.
O relatório foi lançado no mesmo dia em que a agência Reuters publicou uma matéria sobre a aprovação de operações de difamação pela CIA (agência de inteligência americana) na China durante o governo de Donald Trump. Washington também elabora relatórios sobre censura, manipulação da mídia e intromissão externa na China, com acusações semelhantes.
Em setembro passado, o Departamento de Estado americano emitiu um comunicado alertando para as ameaças à liberdade de expressão global devido às ações de Pequim, como a coleta de dados e a compra de veículos de notícias.
Na última terça-feira (13), a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um projeto de lei que proíbe o TikTok no país – a empresa chinesa ByteDance é a proprietária do aplicativo, que conta com mais de 150 milhões de usuários apenas nos EUA. O relatório critica essa perseguição à plataforma.
“A perseguição ao TikTok cria um precedente preocupante e prejudica a liberdade de mais de 150 milhões de usuários americanos. O governo dos EUA ignora os apelos contrários e está determinado a reprimir a plataforma”, afirma o texto.
O relatório, divulgado no site do Ministério de Relações Exteriores chinês, é dividido em tópicos e em três partes. Na primeira delas, Pequim argumenta que a liberdade de expressão nos EUA “não é realmente livre” e hoje é mais manipulada pelos partidos do que um direito garantido às pessoas.
A China cita pesquisas e relatórios de organizações e veículos americanos, como o Knight Center e o jornal The New York Times, para destacar que a liberdade de expressão nos EUA tem se deteriorado e enfrentado restrições.
Pequim também aponta que os EUA estão “saturados” com desinformação utilizada para manipular a opinião pública e interferir na liberdade de expressão. O relatório critica tanto a perseguição a jornalistas e à imprensa quanto o uso de veículos de mídia para disseminar informações falsas.
Em outro ponto, o relatório menciona o correspondente da CNN na Casa Branca, Jim Acosta, que teve suas credenciais revogadas durante o mandato de Trump após fazer perguntas que desagradaram o então presidente.
Por sua vez, a China acusa a mídia americana de ter uma interpretação tendenciosa dos eventos e de promover uma cobertura parcial das notícias relacionadas à China. O relatório compara a invasão do Capitólio em janeiro de 2021 pelos apoiadores de Trump com a violência ocorrida nas ruas de Hong Kong, que teria sido glorificada pela imprensa dos EUA como uma busca por liberdade e democracia.
Além disso, a China alega que os EUA usam as redes sociais para lançar guerra psicológica junto com operações militares em outros países.
Os EUA “aplicam a liberdade de expressão com ‘dois pesos e duas medidas’, criam cortinas de fumaça e acusam outros países de espalhar ‘informações falsas’ enquanto divulgam informações distorcidas para desviar a atenção da comunidade internacional dos crimes dos EUA”, destaca o relatório.
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