“Choque cultural” leva jogadores a querer deixar a Arábia Saudita. Logo mais sobrará só Neymar

Atualizado em 10 de janeiro de 2024 às 19:26
Jogador Roberto Firmino. Foto: Yasser Bakhsh/Getty Images

Na janela de transferências europeia do meio do ano passado, muitas estrelas concordaram em escapar do seu conforto na Europa para aumentar enormemente a sua conta bancária. O destino? O futebol da Arábia Saudita. Mas, como diz o ditado, o dinheiro não traz felicidade. Ao menos para algumas dessas estrelas multimilionárias.

O caso mais chocante é o de Jordan Henderson, meia de 33 anos. Segundo a mídia inglesa, o ex-capitão do Liverpool, que ganha 40 milhões de euros por ano no Al Ettifaq, estaria considerando retornar à Inglaterra, apesar de potencialmente perder um milhão de euros.

Para usufruir das vantagens fiscais oferecidas pelo seu exorbitante contrato, ele deverá permanecer no país por dois anos. Se não cumprir, e deixar a Arábia mais cedo, os meios de comunicação britânicos estimam que poderá gerar uma dívida com o tesouro saudita de cerca de oito milhões de euros.

Os principais motivos seriam as dificuldades que estão a ter na adaptação ao novo clima, muito quente e húmido, o baixo público aos jogos e a complicada situação vivida pelo time comandado por Steven Gerrard. Além disso Henderson, famoso na Inglaterra por defender os direitos humanos, está incomodado com a ditadura saudita, que priva direitos dos seus cidadãos, especialmente das mulheres.

Outro jogador que busca sair da Arábia Saudita é o brasileiro Roberto Firmino. Após oito anos no Liverpool, o brasileiro fez as malas para o Al Ahli. Assinou um contrato de 20 milhões de euros por temporada até 2026.

Sua passagem pela Liga Saudita começou em grande estilo: ele fez três gols na estreia contra o Al Hazem, em 11 de agosto de 2023. Porém, não marcou desde então e agora é regularmente substituído.

A tudo isto, devemos acrescentar um trágico acontecimento pessoal que não ajudou na sua adaptação ao país: seu pai faleceu em novembro, em Maceió. Tudo isso faz com que Firmino pense em voltar para a Inglaterra e até uma volta para o Brasil não está descartada. Clubes como Corinthians, Atlético-MG e Grêmio já sondaram a situação do jogador.

O plano também não funcionou para Karim Benzema, melhor jogador do mundo em 2022. A imprensa francesa diz que ele “lamentou” ir para a Arábia Saudita. Jean-Michel Larqué, ex-jogador da Seleção Francesa e comentarista esportivo, disse há poucos dias que “lembro que ele havia manifestado o desejo de encerrar a carreira no Real Madrid. Ele teve a oportunidade. Poderia ter saído pela porta da frente, mas foi para uma liga artificial.”

A grande estrela do Al Ittihad foi duramente criticada no final do ano. Tudo começou com a dura derrota para o Al-Nassr: os torcedores apontaram o dedo diretamente para ele pelo pesado investimento que o clube fez para contratá-lo e pelos seus números (9 gols em 15 jogos), um tanto fracos para um jogador em boa forma. Aliás, a sua equipe ocupa a sétima colocação no Campeonato Saudita e foi eliminado nas quartas de final do Mundial de Clubes da FIFA pelo Al Ahly, do Egito.

Com contrato até 2026, Benzema embolsa anualmente cerca de 200 milhões de euros (incluindo acordos comerciais), segundo o jornalista especializado no mercado de transferências Fabrizio Romano.

Cortes de direitos humanos, falta de público, problemas pessoais. Daqui a pouco só vai sobrar Neymar para tentar limpar a barra dos xeques.

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