Uma combinação de fenômenos climáticos desencadeou o “dilúvio” sobre o Rio Grande do Sul. Esses eventos estão possivelmente ligados aos estágios finais do El Niño, que está em transição para uma La Niña, e às mudanças climáticas por trás do intenso aquecimento dos oceanos.
Até agora, foram registradas 32 mortes e 60 pessoas estão desaparecidas. O impacto se estende por todo o território gaúcho. A Defesa Civil emitiu alertas sobre o risco de elevação das águas em grande parte das bacias hidrográficas do estado, indicando a iminência de transbordamentos.
A interação entre ventos do Pacífico, umidade da Amazônia, frentes frias da Patagônia, águas quentes no Atlântico e um domo quente no Centro-Oeste e no Sudeste podem ser os principais causadores do dilúvio. Todos esses fatores se uniram para despejar volumes de água sem precedentes na maior parte do território gaúcho.
Vale destacar que o que torna essas chuvas tão devastadoras é a persistência, causada por um bloqueio no Pacífico tão poderoso que paralisa a atmosfera, conforme informações do Globo.
Os ventos transportam nuvens carregadas de umidade da Amazônia, frentes frias da Patagônia e vapor do Atlântico. No entanto, o domo que cobre parte do Brasil ao norte do RS age como uma barreira de ar quente.
As nuvens encontram esse domo e não conseguem avançar para outras áreas. Elas se acumulam, impulsionadas pelos ventos de oeste, e permanecem estacionadas, causando chuvas incessantes no estado.
Blocos atmosféricos como esse têm o poder de influenciar o clima em uma vasta extensão, podendo variar de chuvas a secas e de calor a frio. Eles não estão necessariamente ligados ao El Niño e geralmente perduram por longos períodos.
A partir de domingo, espera-se que o bloqueio no Pacífico e a alta pressão sobre o Centro-Oeste e o Sudeste enfraqueçam um pouco. Os ventos podem perder parte de sua força, o que deve proporcionar alívio do calor nessas regiões e redução das chuvas no RS.
Embora a chuva não deva cessar, espera-se uma diminuição da intensidade à medida que se espalha por uma área maior. Parte das frentes frias deve se deslocar para o Uruguai e a Argentina, enquanto outra parte se deslocará para o norte, alcançando Santa Catarina.
O Rio Grande do Sul tem enfrentado chuvas torrenciais desde o ano passado, após passar por três anos de seca severa. Essa situação se explica pelo fato de o estado, assim como toda a Região Sul, ser historicamente mais afetado tanto pelo El Niño, que intensifica as chuvas, quanto pela La Niña, que traz períodos de seca.
O estado gaúcho enfrentou, em menos de um ano, quatro desastres climáticos, com três ocorrendo em 2023 nos meses de junho, setembro e novembro, resultando em 75 mortes. Com as demais tragédias e a recente dessa semana, o número total de mortes ultrapassa 100, conforme informações do G1.