Cid Benjamin: por trás da expressão “todes” está uma visão profundamente conservadora

Atualizado em 4 de outubro de 2020 às 18:22

Publicado originalmente no perfil do autor

Por Cid Benjamin

No debate entre os candidatos a prefeito do Rio, nesta semana, estranhei quando Renata Souza, do PSOL, referiu-se a “todas, todos e todes”.

Tratei de me informar com uma especialista nessas modernidades, a queridíssima Vera Siqueira.

Ela me ensinou que “todes” são as pessoas que não são “todas”, nem “todos”. Continuei intrigado.

Se “todos” se referem aos homens, e “todas” se referem às mulheres, a espécie humana estaria coberta com essas duas expressões, pensei eu.

Considerar que a orientação sexual diferente da que tem a maioria dos homens (ou das mulheres) os deixa em outro gênero (seria um terceiro?) não seria uma visão preconceituosa?

Um homem homossexual deixa, por acaso, de ser homem?

Uma mulher homossexual deixa de ser mulher?

Mesmo a doce Verinha – minha conselheira nessas modernidades – não soube me dar uma explicação.

Resultado: fiquei com a impressão de que, por trás de uma suposta modernidade, está uma visão profundamente conservadora.