O Cidadania divulgou uma nota oficial se solidarizando com os ataques sofridos pelo PT. Na última semana, a sigla e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram alvos de pastores.
O pastor José Wellington Costa Junior, presidente da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) chamou Lula de “laço do diabo” e o líder religioso Bezerra da Costa afirmou que o PT é o “Partido das Trevas”.
“Alguns pastores ainda vêm trazer proposta do PT, pedir para que (a gente) receba outro candidato. Não cabe. O inferno não tem como entrar em lugar santo”, disparou Wellington.
O episódio repercutiu nas redes sociais e o Cidadania decidiu se manifestar, já que os ataques têm sido frequentes.
Confira a nota do Cidadania em solidariedade ao PT
O Cidadania alerta para a cada vez mais beligerante posição de alguns pastores que, longe de representar o que pensa o diverso grupo de evangélicos brasileiros, vêm perpetrando ataques reiterados ao Estado Laico, à democracia e, em especial, ao Partido dos Trabalhadores, com o qual são conhecidas as nossas divergências.
Nos solidarizamos com o PT e nos posicionarmos terminantemente contra a postura fundamentalista e totalitária de alguns líderes que estão mais devotados à causa própria que à fé que dizem professar, do que os meliantes metidos em maracutaias no Ministério da Educação são apenas um exemplo.
As declarações recentes de alguns pastores e a campanha contra o PT vinda de certas lideranças religiosas são estarrecedoras. Atentam contra a laicidade, a democracia e a Constituição, que lhes garante a liberdade de culto, ao lançar sobre o partido o anátema do inimigo.
Concorde-se ou discorde-se de suas posições, o PT é parte da institucionalidade nacional. A democracia e o debate político comportam apenas adversários. Qual o próximo passo dos fundamentalistas? Reeditar uma Santa Inquisição e queimar na fogueira todos aqueles de que discordam? O país não é uma República teocrática nem os brasileiros que eles pensam liderar desejam isso.
Mas sua atuação vai no sentido de aprofundar a divisão e a polarização na sociedade brasileira, trabalhando contra os princípios de suas próprias religiões. Temos visto como alguns setores insuflados por fundamentalistas têm partido para a violência contra brasileiros que encontram sua fé nas religiões de matriz africana.
A liberdade garantida pela Constituição impõe o respeito à liberdade do outro. Tais agressões devem ser veementemente repelidas. Esse tipo de linguagem fantasiosa, que associa adversários a demônios, infernos e outras imagens fabricadas, é inadmissível em qualquer país que respeite os direitos humanos.
A liberdade religiosa não pode servir de escudo para interesses escusos de uns poucos nem para oprimir e agredir os que porventura pensem diferente ou professem outra fé. Tocarão fogo nas instituições democráticas porque delas discordam? Esse é um chamado ao bom senso de homens e mulheres de fé.
O verdadeiro inferno seriam desdobramentos violentos de uma eventual tentativa de golpe nas eleições de outubro, colocando brasileiros contra brasileiros. É preciso deter a marcha da insensatez. A comunidade evangélica tem de se levantar contra esse visão torta da religião, das liberdades e da democracia.
Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania