Cidadania divulga nota se solidarizando com PT após ataques de pastores

Atualizado em 6 de maio de 2022 às 20:53
Cidadania
O Cidadania divulgou nota se posicionando a favor do PT contra os ataques de pastores

O Cidadania divulgou uma nota oficial se solidarizando com os ataques sofridos pelo PT. Na última semana, a sigla e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram alvos de pastores.

O pastor José Wellington Costa Junior, presidente da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) chamou Lula de “laço do diabo” e o líder religioso Bezerra da Costa afirmou que o PT é o “Partido das Trevas”.

“Alguns pastores ainda vêm trazer proposta do PT, pedir para que (a gente) receba outro candidato. Não cabe. O inferno não tem como entrar em lugar santo”, disparou Wellington.

O episódio repercutiu nas redes sociais e o Cidadania decidiu se manifestar, já que os ataques têm sido frequentes.

Confira a nota do Cidadania em solidariedade ao PT

O Cidadania alerta para a cada vez mais beligerante posição de alguns pastores que, longe de representar o que pensa o diverso grupo de evangélicos brasileiros, vêm perpetrando ataques reiterados ao Estado Laico, à democracia e, em especial, ao Partido dos Trabalhadores, com o qual são conhecidas as nossas divergências.

Nos solidarizamos com o PT e nos posicionarmos terminantemente contra a postura fundamentalista e totalitária de alguns líderes que estão mais devotados à causa própria que à fé que dizem professar, do que os meliantes metidos em maracutaias no Ministério da Educação são apenas um exemplo.

As declarações recentes de alguns pastores e a campanha contra o PT vinda de certas lideranças religiosas são estarrecedoras. Atentam contra a laicidade, a democracia e a Constituição, que lhes garante a liberdade de culto, ao lançar sobre o partido o anátema do inimigo.

Concorde-se ou discorde-se de suas posições, o PT é parte da institucionalidade nacional. A democracia e o debate político comportam apenas adversários. Qual o próximo passo dos fundamentalistas? Reeditar uma Santa Inquisição e queimar na fogueira todos aqueles de que discordam? O país não é uma República teocrática nem os brasileiros que eles pensam liderar desejam isso.

Mas sua atuação vai no sentido de aprofundar a divisão e a polarização na sociedade brasileira, trabalhando contra os princípios de suas próprias religiões. Temos visto como alguns setores insuflados por fundamentalistas têm partido para a violência contra brasileiros que encontram sua fé nas religiões de matriz africana.

A liberdade garantida pela Constituição impõe o respeito à liberdade do outro. Tais agressões devem ser veementemente repelidas. Esse tipo de linguagem fantasiosa, que associa adversários a demônios, infernos e outras imagens fabricadas, é inadmissível em qualquer país que respeite os direitos humanos.

A liberdade religiosa não pode servir de escudo para interesses escusos de uns poucos nem para oprimir e agredir os que porventura pensem diferente ou professem outra fé. Tocarão fogo nas instituições democráticas porque delas discordam? Esse é um chamado ao bom senso de homens e mulheres de fé.

O verdadeiro inferno seriam desdobramentos violentos de uma eventual tentativa de golpe nas eleições de outubro, colocando brasileiros contra brasileiros. É preciso deter a marcha da insensatez. A comunidade evangélica tem de se levantar contra esse visão torta da religião, das liberdades e da democracia.

Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania

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