Em sua xaropada indigente sobre os males da “mistura” do esporte com a política, Tiago Leifert cita Colin Kaepernick.
Kaepernick, escreve TL, “jogador da NFL, a liga de futebol americano, resolveu se ajoelhar durante o hino americano para protestar contra a forma como a polícia trata os negros”.
“Trump ficou pistola [Tiago é antenado com a galera], os torcedores conservadores também, considerando um desrespeito ao hino. Independentemente do que você, leitor, ache, Kaepernick está desempregado. Nenhum time quis esse ‘troublemaker’ no elenco”.
Tiago consegue desdenhar de um sujeito corajoso que fez a coisa certa. O texto bombou pela estupidez. Ninguém lê a revista da qual ele é colunista, a GQ.
Mas ele podia ao menos fingir que o faz.
Colin Kaepernick foi escolhido “cidadão do ano” da edição americana em dezembro. Saiu na capa como um dos “novos heróis” dos EUA, num belo perfil.
O quarterback fez fotos no Harlem “com a intenção de evocar o espírito dos protestos de Muhammad Ali contra a Guerra do Vietnã no bairro no final dos anos 60”.
Kaepernick, no entanto, não deu entrevista. “À medida que sua identidade pública começou a mudar de estrela de futebol para ativista, ele tomou consciência do poder de seu silêncio”, conta a GQ.
“Ele provocou a ira de Donald Trump. Por que falar agora, quando seus detratores apenas distorcerão suas palavras e as usarão contra você? Por que falar agora, quando o silêncio fez tanto?”
Colin apresentou queixa no mês passado contra a NFL, acusando as equipes de conluio para mantê-lo fora da liga.
Aos 30 anos, é “um homem que virou um movimento”: enquanto permanecia calado, manifestações do mesmo tipo continuaram durante sua ausência na temporada.
Nem todo mundo escolhe ser um Leifert no esporte ou na vida. Nosso agradecimento a eles.