No último domingo, o prefeito de Novo Progresso (PA), Gelson Dill (MDB), foi reeleito com 81% dos votos, consolidando seu poder em um município que se tornou notório pela devastação ambiental na Amazônia.
Com uma população de 33 mil habitantes, segundo o IBGE, Novo Progresso foi o epicentro do chamado “Dia do Fogo”, quando, em 2019, madeireiros e fazendeiros incendiaram grandes áreas de floresta ao longo da BR-163, desencadeando uma série de incêndios cujos impactos chegaram até São Paulo, distante milhares de quilômetros.
As queimadas de 2019 atingiram o Parque Nacional do Jamanxim, uma área protegida na Floresta Amazônica. Em meio a esse cenário, Gelson foi multado em 2020 por desmatar 174 hectares de floresta nativa dentro do parque, segundo o Brasil de Fato.
Dois anos depois, ele foi novamente autuado por dificultar a regeneração de mais dez hectares de floresta nativa no mesmo local, o que evidenciou sua relação direta com a degradação ambiental na região. Quando o Dia do Fogo ocorreu, Dill ocupava o cargo de vice-prefeito, ao lado do então prefeito Ubiraci Soares Silva, conhecido como Macarrão, ambos fazendeiros.
Durante sua primeira campanha eleitoral, Dill declarou um patrimônio de R$ 2,9 milhões, incluindo 2.473 cabeças de gado e vastas terras. Agora, em 2024, seu patrimônio disparou para R$ 7,7 milhões, apesar de não declarar mais a posse de gado, mas ainda mantendo grandes extensões de terras em seu nome.
Novo Progresso é um dos 70 municípios prioritários para ações de combate ao desmatamento no bioma Amazônia, listados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) desde 2008. Essas cidades são responsáveis por quase 80% do desmatamento na Amazônia, e o município de Dill tem uma participação expressiva nesse índice preocupante.
Em 2024, o governo local assinou um compromisso de adesão ao programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia, que promete investir R$ 730 milhões no desenvolvimento sustentável e no controle de incêndios florestais.
Apesar da gravidade da situação ambiental, o plano de governo de Gelson Dill não menciona medidas específicas de combate ao desmatamento ou preservação da Amazônia.
Em vez disso, o prefeito propôs “buscar junto ao governo do Estado e Federal a implementação de novas áreas de concessão de florestas públicas para fomentar a atividade madeireira em nosso município”, o que contradiz as necessidades urgentes de conservação ambiental na região.
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