Cinismo: Moro diz que portaria sobre deportação não se aplica a Greenwald. Imagina! Por Kiko Nogueira

Atualizado em 27 de julho de 2019 às 12:00
“Doideira isso, mano”

“Um cínico é um homem que sabe o preço de tudo, mas o valor de nada”, escreveu Oscar Wilde. 

Sergio Moro afirmou a interlocutores que a portaria Nº 666, o número da besta, publicada no “Diário Oficial da União”, que trata sobre “impedimento de ingresso, repatriação e deportação sumária de pessoa perigosa”, não se aplica a Glenn Greenwald.

O Valor relata que o ministro da Justiça foi questionado sobre a associação da medida com sua nêmesis, o jornalista americano do Intercept — que vive, de resto, em situação completamente regular no Brasil. 

Moro respondeu que “é claro que não” e que a portaria “é explícita” quanto aos crimes abrangidos, diz o jornal.

A portaria faz menção a “suspeitos de envolvimento” em terrorismo; grupo criminoso organizado ou associação criminosa armada; tráfico de drogas, pessoas ou armas de fogo; pornografia ou exploração sexual infantojuvenil; e torcida com histórico de violência em estádios. 

Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, Moro pareceu “surpreso” com a ideia. 

Então tá.

Ficamos combinados que não se tratou de uma demonstração de força, que o timing foi aleatório e que Moro não pensa no mentor da Vaza Jato noite e dia, para desespero da patroa.

Ele finge que fala a verdade e o brasileiro finge que acredita.

A sorte é que o teatro está no fim.