Por Fernando Brito
Individualmente, Ciro Gomes e Simone Tebet poderiam ser considerados os vencedores do debate de hoje na Bandeirantes.
Mas não pode ser rasa assim a análise de quem não tem nada a perder, como os candidatos do PDT e do MDB,
A questão, numa eleição polarizada entre Lula e Jair Bolsonaro é quem entre eles, é a de quem, entre eles, quem perdeu mais.
E Bolsonaro, que não foi bem tem trecho algum do debate, mergulhou no inferno no que virou a questão maior do debate, a da mulher, com que ele saiu-se com um ataque a uma jornalista, com a qual conseguiu multiplicar seu problema crônico de misoginia.
Tomou, com o ataque a Vera Magalhães, a invertida da fala de Soraia Tronickle, chamando ele de tigrão com mulheres e tchutchuca com os machões do centrão é demolidora.
Lula, de quem se disse aqui que seu problema era o excesso de expectativas, fez a conta do chá, jogando com o favoritismo debaixo do braço e evitando entradas perigosas, ficando nas recordações de seu governo.
Como se disse aqui mais cedo, a audiência não foi grande coisa (13 pontos na primeira hora, contra os 33 que marcaram as entrevistas do Jornal Nacional).
Bolsonaro dê graças a Deus se não tiver perdido nada no debate, embora Lula não tenha ganho no que lhe interessa: tomar votos de Ciro.
Falhou no que era essencial a ele: reduzir a sua rejeição, em especial junto às mulheres.
O debate deve servir, porém, como advertência a Lula de que não é hora de usar salto alto e jogar com o regulamento .
Não haverá, por parte dos demais candidatos que se dizem oposição a Bolsonaro, qualquer moderação à critica a Lula e ao PT e nem mesmo como opção de voto no segundo turno.
Pode até ganhar, em primeiro ou em segundo turno, com eleitores que estão hoje com Ciro Gomes ou Simone Tebet, mas apenas pela lucidez destes em não abrirem chance para uma segunda chance ao bolsonarismo.
Mas o mais importante é não se portar, como fez neste domingo, como um simples candidato, em igualdade de condições com outros, como se fossem estas eleições normais.
São eleições de salvação nacional e que, portanto, não se devem ser enfrentadas sem alma.
(Texto publicado em TIJOLAÇO)