Ciro oscila entre a mesquinhez e a burrice. Por Fernando Brito

Atualizado em 8 de fevereiro de 2019 às 7:20
Ciro Gomes. Foto: Reprodução/Twitter

Publicado originalmente no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

A volta de Ciro Gomes à política que ele abandonou no período decisivo para o país causa tristeza e constrangimento.

O povo brasileiro, derrotado por uma avalanche de histeria criada pela mídia e pela justiça, ameaçado por um governante que a todos inspira medo do autoritarismo, da perseguição política, do obscurantismo das ideias, não merecia ver uma de suas referências políticas reduzir-se ao comportamento de garoto birrento e mimado.

Ciro pode ter todas as divergências do mundo com o PT. É legítimo. Mas o que está fazendo com declarações estúpidas e grosseiras – como gritar, histericamente, que “Lula está preso, babaca”.

Houve e há muita gente presa sem que isso represente vergonha. A história da humanidade está mais cheia de heróis presos, talvez, do que reverenciados pelo poder.

Ciro oscila entre a mesquinhez e a burrice. Mas sempre dentro da sua pequenez, como quem não consegue entender a política como um processo social, muito mais que pessoal.

Ou como a austeridade não se confunde com moralismo barato.

Convivi, por mais de 20 anos, com um homem de práticas austeras como jamais vi na política e que nunca desceu a este udenismo de ocasião.

Ciro diz que o admira mas não tem o sentido da história e, por isso, jamais consegue pensar em ponto grande.

Infelizmente, isso não é tudo o que se pode dizer de suas atitudes.

Bater nos indefesos e perseguidos é coisa de gente mesquinha e deformada.

Comemorar, mesmo que indiretamente, a prisão e a nova condenação de um homem de 73 anos, virtualmente atirado a terminar seus dias numa cela, ainda mais quando este homem foi seu parceiro, seu chefe e que era – ou ao menos pensava ser- seu amigo,  é algo que não merece palavra menor que sórdido.

Não à toa veio pretender liderar o PDT após a morte de Brizola, não antes.

Tal como Cristovam Buarque tentou fazer, para tornar-se, hoje, uma figura melancólica.

Nenhum dos dois estava disposto a resistir à Síndrome de Estocolmo e sestrosos, apaixonarem-se pelos que nos sequestram a mente.

Ciro Gomes é também um homem condenado ao limbo da microscopia. Jamais será aceito pela direita, avança a passos para ser desprezado pela esquerda.

Mas o que é fatal é mesmo sua capacidade adquirida de ser entre as palmeiras que se vergam ao vento dominante, um coqueiro-anão.