Ao sair de um banco, uma idosa foi sequestrada e internada à força pela filha e o genro na zona sul do Rio de Janeiro. A vítima, que estava internada desde o dia 6 de fevereiro, afirma que vê motivação financeira nos crimes. Com informações do g1.
A clínica psiquiátrica onde era mantida contra a vontade a idosa Maria Aparecida Paiva, foi interditada neste sábado (25) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em Petrópolis. Agentes da 9ª DP (Catete) chegaram por volta das 11h na Clínica Revitalis, localizada no distrito de Araras. Segundo os investigadores, o local foi usado para a prática do crime de sequestro qualificado.
A outra clínica que também recebeu a vítima, identifica como Vista Alegre, localizada em Correias, também é alvo das investigações. Com a interdição, o estabelecimento não pode receber novos clientes e os que já estão em atendimento devem ser transferidos para outras clínicas.
Patrícia de Paiva Reis, filha da vítima, e o marido dela, Raphael Machado Costa Neves, foram presos na última quinta-feira (23). De acordo com as investigações, o casal tinha como objetivo desqualificar Maria Aparecida para ficar com parta de sua pensão e, por isso, a sequestraram e internaram.
Patrícia já teria tentado internar a mãe, pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), em 27 de janeiro. Mas o plano não deu certo. A equipe não constatou nada de errado com Maria Aparecida.
O delegado Felipe Santoro, responsável pelo caso, afirmou que a conduta dos médicos que atenderam a vítima será apurada.
A média Aline Cristina Correia, que assinou o laudo para a internação da idosa, atestou que ela apresentava quadro depressivo grave e recorrente, além de delírio. No entanto, nada foi confirmado. A profissional e o diretor da Clínica Revitalis serão intimados a depor.
Em entrevista ao RJ2, Maria Aparecida relatou o desespero de ficar internada sem estar doente. “Estava saindo do banco e uma ambulância, na mesma calçada, me pegou e me jogou dentro da ambulância. O rapaz falou: “Nós vamos pra Petrópolis, porque lá é melhor’. Mas quem tá fazendo isso? Sua família. Eu fiquei desesperada, gritando, gritando. Chegamos em Petrópolis, me botaram num quarto, trancado, sem janela, sem nada e eu fiquei lá três dias”, lembra ela.
Ao receber uma visita da filha, a idosa achou que ia ser liberada, mas na verdade foi apenas transferida. “Desci toda feliz, porque achei que ia embora, quando cheguei lá ela falou que ia pra outra clínica”, lamentou.
“Olha, eu fico muito triste. Nunca pensei que isso fosse acontecer. Isso é tão verdadeiro, envolvido no dinheiro, porque no dia que ela me botou na clínica, ela contratou duas faxineiras, limpou meu apartamento e já alugou o apartamento”. Segundo Maria, o imóvel foi alugado para o carnaval.
“Não tenho raiva, só tristeza”, concluiu.
Patrícia tem uma extensa ficha policial. A mulher responde a cinco processos por calúnia, estelionato, extorsão e furto em veículo, entre 2019 e 2020. Ela também é investigada em dois processos sob suspeita de falsas acusações contra ex-namorados enquadrados na Lei Maria da Penha.