“Coach” evangélico faz live com professores de Búzios imitando “negro preguiçoso” e contando piadas racistas

Atualizado em 24 de abril de 2021 às 20:44
O palestrante Dalmir Sant’Anna fantasiado de “negro preguiçoso” em live da prefeitura de Búzios

A prefeitura de Búzios pagou para um palestrante/coach/mágico falar da volta às aulas a professores em meio à pandemia.

Com uma voz metálica e citações da Bíblia misturadas com auto-ajuda vagabunda, o debiloide Dalmir Sant’Anna brindou os espectadores da live com racismo, criacionismo e negacionismo científico.

A coisa foi organizada pela secretaria de Educação e pela empresa “Instituto Conhecer”, contratada sem licitação.

Sant’Anna não falou em nenhum momento da crise sanitária ou das medidas necessárias para o retorno às atividades. Nada sobre o que o prefeito Alexandre Martins está fazendo para tentar garantir a segurança dos funcionários.

Ao invés disso, fez propaganda política de Martins e culpou os servidores pela “reclamação”, a “falta de motivação pessoal”, a “preguiça”.

A certa altura vestiu uma máscara de um homem negro com cabelo black power ao som do tema de “Escrava Isaura” para ilustrar um comentário sobre quem “se queixa demais da vida”.

“Lá vou eu trabalhar, trabalhar”, queixa-se o personagem, com voz grossa.

Ainda contou uma “piada” sobre um menino que pergunta à mãe sobre as origens dos seres humanos.

Ela responde que viemos de Adão e Eva e o garoto rebate que seu pai lhe disse que os humanos descendem “dos macacos”.

A mãe responde: “Uma coisa são os parentes do seu pai. Outra coisa sãos os parentes da mamãe”.

Sim, você entendeu direito.

De acordo com o imbecil, são “interpretações”.

A cidade adotou o tratamento precoce e espalhou a fake news de que as internações por covid-19 haviam zerado. 

O Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro, Sepe, divulgou uma nota sobre essa aberração.

“Não consideramos o referido palestrante qualificado para abordar temas com relação à educação pública, visto que os exemplos dados foram de atendentes de loja que não tratam bem os seus clientes. Ressaltamos ainda que a abordagem em torno de tais profissionais também se deu de forma preconceituosa, uma vez que, inclusive se valeu dos trabalhadores mais precarizados para dar seus exemplos, como se um gerente de banco não nos tratasse mal, ou um chefe de governo, ou uma secretária, secretário, apenas os mais precarizados, segundo o exemplo do palestrante”, diz o texto.

Abaixo, no minuto 30:34.

https://www.youtube.com/watch?v=yJiuaW9KXtY&t=3190s